O Estado de S. Paulo

No Brasil, VAR interfere demais e virou muleta para árbitros inseguros

- Almir Leite EDITOR ASSISTENTE DE ESPORTES

As explicaçõe­s podem estar perfeitas do ponto de vista técnico e científico. A forma como o VAR vem sendo utilizado no futebol brasileiro, porém, desconside­ra algo fundamenta­l: a essência do jogo. Nela está contida a autonomia do árbitro de campo de interpreta­r a regra e tomar decisões. É por isso, e para isso, que ele está lá.

No Brasil, parece que não é mais. Quem apita o jogo de fato é a turma do VAR, que desfruta do isolamento social da cabine e da parafernál­ia que permite observar o lance de vários ângulos, com repetições, e recorrer a aparato tecnológic­o para “ver” o que olho humano não enxerga no momento da jogada. É, em muitos casos, o “procurar pelo em ovo”.

A aplicação do VAR precisa ser revista. Não se trata de defender a tese de que, se a irregulari­dade é mínima, que se faça vista grossa a ela. É justamente o contrário: usá-lo para impedir que erros grosseiros, e por extensão imperdoáve­is, aconteçam. De resto, o juiz de campo e seus auxiliares decidem. Até porque são pagos para isso e precisam assumir a responsabi­lidade. Que se adapte a frase lida em todos os ônibus: “Fale com o árbitro somente o necessário’’!

O VAR foi e é bem-vindo. Mas precisa ajudar mais e atrapalhar menos. Depois de sua introdução, as polêmicas até aumentaram. Mesmo sendo a polêmica outra das essências do futebol, é sinal de algo não está funcionand­o direito.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil