No Brasil, VAR interfere demais e virou muleta para árbitros inseguros
As explicações podem estar perfeitas do ponto de vista técnico e científico. A forma como o VAR vem sendo utilizado no futebol brasileiro, porém, desconsidera algo fundamental: a essência do jogo. Nela está contida a autonomia do árbitro de campo de interpretar a regra e tomar decisões. É por isso, e para isso, que ele está lá.
No Brasil, parece que não é mais. Quem apita o jogo de fato é a turma do VAR, que desfruta do isolamento social da cabine e da parafernália que permite observar o lance de vários ângulos, com repetições, e recorrer a aparato tecnológico para “ver” o que olho humano não enxerga no momento da jogada. É, em muitos casos, o “procurar pelo em ovo”.
A aplicação do VAR precisa ser revista. Não se trata de defender a tese de que, se a irregularidade é mínima, que se faça vista grossa a ela. É justamente o contrário: usá-lo para impedir que erros grosseiros, e por extensão imperdoáveis, aconteçam. De resto, o juiz de campo e seus auxiliares decidem. Até porque são pagos para isso e precisam assumir a responsabilidade. Que se adapte a frase lida em todos os ônibus: “Fale com o árbitro somente o necessário’’!
O VAR foi e é bem-vindo. Mas precisa ajudar mais e atrapalhar menos. Depois de sua introdução, as polêmicas até aumentaram. Mesmo sendo a polêmica outra das essências do futebol, é sinal de algo não está funcionando direito.