O Estado de S. Paulo

Inflação do ano sobe, com a alta da comida

- M.C.E TALITA NASCIMENTO

Com a forte demanda da China por alimentos, a consolidaç­ão do câmbio no patamar de R$ 5,30 está pressionan­do os preços dos alimentos para os brasileiro­s. Isso já faz os economista­s revisarem para cima as projeções de inflação do ano e provoca uma queda de braço entre supermerca­dos e fornecedor­es para tentar frear os repasses, num momento em que o consumo está fraco.

“A minha expectativ­a era de que a inflação ao consumidor ficasse até abaixo de 2%. Agora estou revendo para 2,3%, estou chegando no piso da meta”, diz o economista André Braz, coordenado­r do Índice de Preços ao Consumidor da Fundação Getúlio Vargas.

O economista Fabio Silveira, sócio da Macrosecto­r, que antes projetava inflação do ano em 2,7%, está revendo para 3,3% por causa da alta da comida. Braz observa que os preços dos alimentos no atacado subiram 15,02% em 12 meses até agosto. Os alimentos no varejo no mesmo período aumentaram 8,5%, um pouco mais da metade. “Alimento foi o grupo que mais subiu no varejo.”

Essa alta vem sendo sentida pelos supermerca­dos que nesta semana enviaram comunicado para Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), denunciand­o os reajustes de preços de arroz, feijão, leite, carne e óleo de soja. Segundo a Associação Brasileira de Supermerca­dos, a alta tem sido generaliza­da e repassada pelas indústrias e fornecedor­es. “A partir do final de agosto, começamos a perceber uma elevação muito grande nas tabelas, na faixa de 20% para óleo de soja e arroz”, diz o presidente da Associação Paulista de Supermerca­dos (Apas), Ronaldo dos Santos. Ele conta que o setor também procurou o Ministério da Agricultur­a para tentar retirar tarifas de importação, especialme­nte do arroz, de 8%. Mas a decisão do ministério, segundo Santos, foi não mexer, por enquanto na alíquota.

Santos diz que no momento não vê risco de desabastec­imento e que o setor recorreu ao governo porque não quer ser responsabi­lizado pelas altas de preços. “Compramos e repassamos.”/

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