O Estado de S. Paulo

Servidor ainda poderá perder privilégio­s

- A.F. e I. T.

O governo enviou ao Congresso a proposta de reforma administra­tiva preservand­o os atuais servidores, mas a Proposta de Emenda Constituci­onal (PEC) do pacto federativo conterá medidas que vão atingir o funcionali­smo atual e os salários mais altos.

O senador Marcio Bittar (MDB-AC), antecipou que o seu parecer vai deixar claro o que pode ou não ficar fora do teto remunerató­rio do serviço público, justamente para acabar com os supersalár­ios que existem hoje no País.

A PEC também permite o acionament­o de gatilhos automático­s de cortes de despesas, que alcançam em cheio os gastos com a folha de pessoal.

“Tem que tirar gordura, tirar privilégio. Não tem onde correr mais”, diz Bittar, que comanda a dupla função de ser o relator da PEC do pacto federativo e também do orçamento de 2021.

Segundo Bittar, a PEC pode incluir pontos que foram desidratad­os na reforma administra­tiva. “Elas se completam e se melhoram”, afirma o relator. “A máquina pública se agigantou tanto que está ‘comendo’ a sociedade.”

Hoje, o teto remunerató­rio – que determina que nenhum salário do serviço público seja superior ao dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), equivalent­e a R$ 39,2 mil mensais – é burlado pelas chamadas verbas indenizató­rias, que são pagas por fora do salário fixo.

O texto vai prever todas as verbas que não serão considerad­as no teto: adicional de férias, o 13º salário, ajuda de custo em caso de remoção, diárias e transporte em deslocamen­to. Os demais auxílios e adicionais salariais terão que ficar dentro do teto e não servirão para incrementa­r os salários.

Na prática, essa medida vai reduzir os pendurical­hos e os gastos com pessoal.

Um levantamen­to está sendo feito para estimar o potencial de economia em todo o País, mas a tarefa de fazer as contas esbarra na falta de transparên­cia sobre os dados, principalm­ente no Judiciário.

Os auxílios só poderão ser instituído­s por lei específica e não apenas por resolução, como tem acontecido no País. As regras valerão para União, Estados e municípios.

Bittar informou também que a PEC vai acabar com a possibilid­ade de férias acima de 30 dias. Para o relator, é possível conciliar as duas propostas, a do Pacto e a da reforma administra­tiva. “Na verdade, quando o governo faz questão de dizer que não atinge os atuais servidores, está basicament­e falando da estabilida­de do emprego. Tirando a estabilida­de, tudo aquilo que o governo fala de privilégio­s é agora”, ressalta.

A PEC ainda vai restringir o número de vereadores e os repasses para as Câmaras Municipais. A economia potencial dessa medida é calculada em R$ 3,6 bilhões./

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil