O Estado de S. Paulo

Gigantes de tecnologia perdem em valor de mercado quase US$ 400 bi na semana

Após forte valorizaçã­o na pandemia, Apple, Amazon, Microsoft, Google e Facebook tiveram perdas de US$ 392 bi, cerca de metade do valor das empresas na bolsa brasileira; incertezas com eleição nos EUA e coronavíru­s acenderam sinal amarelo no mercado

- Bruno Capelas COM AGÊNCIAS INTERNACIO­NAIS /

Uma semana para esquecer: nos últimos cinco dias, as cinco maiores empresas de tecnologia do mundo – Apple, Amazon, Microsoft, Google e Facebook – perderam nada menos do que US$ 392 bilhões em valor de mercado. Para a maioria dos analistas, o movimento se deve a uma correção de rota no setor para a realização de lucros, após valorizaçã­o extrema nos últimos meses.

Por conta da pandemia e das políticas de isolamento social, as já poderosas empresas de perfil digital ganharam ainda mais espaço no mercado. No entanto, o clima de incerteza por conta da eleição americana e do coronavíru­s acendeu o sinal amarelo entre os investidor­es.

Maior empresa do mundo hoje, avaliada em mais de US$ 2 trilhões, a Apple liderou as perdas, com queda de US$ 146 bilhões. É mais do que o dobro do valor de mercado da maior empresa brasileira, a Vale, que encerrou o pregão de ontem cotada em US$ 60 bilhões.

Na última quinta, a fabricante do iphone bateu um recorde negativo: viu seu valor de mercado cair US$ 180 bilhões, na maior queda diária da história de uma empresa em Wall Street. O recorde pertencia ao Facebook, que tinha perdido US$ 120 bilhões em um único dia em julho de 2018, em meio ao caso Cambridge Analytica.

Outras gigantes também tiveram dias difíceis. A dona do Windows riscou US$ 90 bilhões de seu valor entre o pregão da sexta-feira anterior (dia 28) e o de ontem; a varejista de Jeff Bezos, US$ 86 bilhões. Facebook e Google tiveram perdas menores: US$ 33 bilhões e US$ 37 bilhões, respectiva­mente.

Os números dão a dimensão da importânci­a das chamadas big techs no mercado atual. Somadas, as desvaloriz­ações das cinco empresas equivalem à praticamen­te metade do valor de mercado das empresas listadas na B3, a Bolsa brasileira, hoje em torno de US$ 800 bilhões.

Bolha. No início dos anos 2000, a empolgação com a internet levou muita gente a apostar no mercado de tecnologia, o que levou à bolha das “pontocom”.

Vinte anos depois, parte dos analistas e investidor­es teme que novo frenesi durante a pandemia possa ter efeito similar ao do passado.

Em relatório publicado na última quinta-feira, a consultori­a Capital Economics discute o tema. Para a empresa, o movimento dessas ações nos últimos meses é em parte motivado por seus resultados nos balanços, bem como por serem de companhias que conseguem vender sem necessidad­e de contato físico com os consumidor­es em grande parte do tempo.

A Capital Economics diz que a valorizaçã­o das big techs foi maior do que o resto do mercado, mas não vê o estouro de uma bolha. Para a companhia, o cenário mais provável que essas ações avancem menos do que o restante do mercado com a retomada da economia nos próximos meses.

Há ainda quem afirme que o que aconteceu na última semana não altera a visão do setor no longo prazo. “A realização de lucros pode causar medo de uma bolha e avaliações infladas podem ser um assunto, mas ainda acreditamo­s que o setor tem tudo para seguir cresciment­o de forma acelerada até 2022”, escreveu o analista Dan Ives, da Wedbush Securities, em nota.

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MARK LENNIHAN/AP-16/6/2020 Recorde. Na quinta, Apple teve a maior queda diária de Wall Street, perdendo US$ 180 bi
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