Em inovação, melhora sem méritos próprios
O Brasil ganhou quatro posições no ranking mundial de inovação, mas não há motivo para comemorar esse avanço aparente. Aparecendo na 62.ª posição no Índice Global de Inovação (estava no 66.º lugar em 2019) entre 131 países, o Brasil continua a ocupar uma posição intermediária, muito distante dos países mais inovadores e mais aptos a enfrentar a competição por mercados que as transformações tecnológicas tornam cada mais acirrada. Pior ainda é que a melhora na classificação não resultou de méritos nacionais – a pontuação do Brasil em 2020 (31,94 pontos) é menor do que de 2019 (33,82) –, mas da piora do desempenho de outros países.
Não é razoável que, sendo a nona maior economia do mundo, o Brasil ocupe apenas a posição média entre 131 nações, observou a diretora de inovação da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Gianna Sagazio. A CNI é parceira, como divulgadora no País, da Organização Mundial da Propriedade Intelectual (Wipo, na sigla em inglês) que elabora o Índice Global de Inovação junto com a Universidade de Cornell, dos Estados Unidos, e o Instituto Europeu de Administração de Empresas (Insead).
A despeito da melhora, o Brasil é o mais mal colocado entre os membros do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). Entre os 18 países latino-americanos avaliados, o Brasil melhorou da 5.ª para a 4.ª posição, mas deveu o avanço à piora da classificação do Uruguai, que perdeu sete posições no ranking da Wipo.
Entre os conjuntos que compõem o ranking, o Brasil mostrou melhor desempenho em capital humano e pesquisa, infraestrutura, sofisticação de negócios e produção de conhecimento e tecnologia. Mas continua ruim em instituições, sofisticação de mercado e produtos criativos. O fraco desempenho de estudantes brasileiros no Programa Internacional de Avaliação
de Alunos (Pisa) – que afere o nível educacional de jovens de 15 anos por meio de provas de leitura, Matemática e Ciências – é considerado no ranking da Wipo.
Mais do que a avaliação negativa do Brasil em relação aos demais países – que resulta numa classificação reveladora do atraso em que se encontra no campo da inovação –, o ranking deixa claros os desafios que precisam ser enfrentados desde já em termos de investimentos em ciência, tecnologia e inovação. O que se decidir agora será vital no futuro.