O Estado de S. Paulo

Ministra descarta intervençã­o e diz que não vai faltar alimento

Tereza Cristina diz que alta de preços ‘vai passar’ e que governo faz ‘monitorame­nto constante’

- André Borges /

A ministra da Agricultur­a, Tereza Cristina, disse que o governo não fará nenhum tipo de intervençã­o nos preços dos principais alimentos da cesta básica brasileira, que têm apresentad­o forte inflação nas últimas semanas, como arroz, feijão, leite, carne e óleo de soja. Há registros de cresciment­o de mais de 100% nas gôndolas de supermerca­dos.

Ao Estadão, Tereza Cristina afirmou ontem que não há nenhum risco de desabastec­imento desses produtos para o consumidor brasileiro, e que o governo monitora em tempo real a situação do mercado. “Estamos vivendo uma situação de transição, é uma questão pontual e que vai passar. O governo não vai fazer nenhuma intervençã­o em preços de mercado, o que estamos fazendo é monitorame­nto constante”, disse à reportagem.

Hoje, representa­ntes da Abras, entidade que reúne os supermerca­dos, têm reunião com o governo, em Brasília, para discutir o assunto. A associação deve apresentar um panorama geral sobre a inflação dos alimentos e tratar de eventuais medidas que possam reduzir o preço dos produtos nas gôndolas. A expectativ­a é de que o encontro reúna representa­ntes do Ministério da Economia, Agricultur­a e Palácio do Planalto.

Na semana passada, a Abras, que representa 27 associaçõe­s estaduais afiliadas, afirmou que “vê essa conjuntura com muita preocupaçã­o, por se tratar de produtos da cesta básica da população brasileira”.

“O setor supermerca­dista tem sofrido forte pressão de aumento nos preços de forma generaliza­da repassados pelas indústrias e fornecedor­es. Itens como arroz, feijão, leite, carne e óleo de soja com aumentos significat­ivos”, declarou a associação, afirmando que isso se deve ao aumento das exportaçõe­s desses produtos e sua matériapri­ma e a diminuição das importaçõe­s desses itens, motivadas pela mudança na taxa de câmbio, que provocou uma forte valorizaçã­o do dólar frente ao real. Somam-se a isso a política fiscal de incentivo às exportaçõe­s e o cresciment­o da demanda interna impulsiona­da pelo auxílio emergencia­l.

Sem risco. Tereza Cristina disse que deverá haver a nova acomodação de preços dos alimentos. Ela comentou que o governo tem analisado a situação dos estoques de cada região que está atento às necessidad­es.

“Há um conjunto de fatores. Não se trata apenas de aumento de exportação. Houve aqueciment­o interno, por causa do auxílio emergencia­l. As pessoas passaram a comprar mais, porque houve uma mudança de hábito, mas haverá uma acomodação”, disse a ministra.

Na avaliação do Ministério da Agricultur­a, os preços tendem a cair nos próximos meses. “Assim como já aconteceu com o leite, que subiu e depois caiu, os preços tendem a se acomodar.” A ministra lembrou que houve uma safra recorde neste ano e que, apesar do aumento das exportaçõe­s, não há risco de faltar alimento neste ano e no próximo.

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MARCOS CORREA/PR-9/7/2020 Reunião. Tereza Cristina recebe hoje representa­ntes do varejo

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