O Estado de S. Paulo

Presidente do Senado segura votação de 22 vetos presidenci­ais

Entre eles, estão a desoneraçã­o da folha de pagamentos e o novo marco do saneamento básico

- Daniel Weterman

O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), tem segurado a pauta do Congresso Nacional e adiado a análise de vetos polêmicos do presidente Jair Bolsonaro há quase um mês. Líderes da Câmara e do Senado pressionam por uma nova sessão de deputados e senadores e articulam novas derrotas para o Palácio do Planalto. A sessão, contudo, depende exclusivam­ente da vontade de Alcolumbre.

O Congresso Nacional começou a analisar vetos presidenci­ais no início de agosto, mas deixou alguns para depois, entre eles a desoneraçã­o da folha salarial, o novo marco do saneamento básico, a ampliação do auxílio emergencia­l e o pacote anticrime. Após um novo adiamento, a sessão para votação desses itens ficou para o dia 16. Na fila, 22 vetos estão pendentes de votação. Um deles, o do pacote anticrime, é ainda do ano passado.

Em agosto, o governo quase perdeu na votação da proposta que permitiria reajuste salarial de servidores públicos até 2021. Temendo uma nova derrota, o Executivo age para adiar uma nova sessão e prometeu apresentar contrapart­idas para propor um acordo, o que ainda não ocorreu.

Responsáve­l por convocar a votação, Alcolumbre tem sido apontado por aliados como um “bombeiro” na relação entre o Legislativ­o e o Palácio do Planalto, ao mesmo tempo, tenta apoio de governista­s para sua reeleição no comando da Casa em 2021. Procurado, o presidente do Senado não comentou.

O cenário hoje é de retomada das propostas aprovadas pelo Legislativ­o. Um veto é derrubado quando há no mínimo 257 votos entre deputados federais e 41 entre senadores. “O Davi (Alcolumbre) não está ajudando o governo, está ajudando o Brasil até se encontrar uma solução mediana para manter o veto da desoneraçã­o”, afirmou o senador Chico Rodrigues (DEM-RR), vice-líder do governo no Senado.

Nesta terça-feira, líderes do Congresso iriam se reunir para discutir a pauta de vetos. A reunião, porém, foi cancelada e substituíd­a por uma entre bancadas do Senado. Alcolumbre foi novamente cobrado para convocar a sessão. “Não podemos mais empurrar com a barriga. Fica parecendo que o Congresso é um puxadinho do Palácio do Planalto”, disse o líder do PSL no Senado, Major Olimpio.

Medida. A desoneraçã­o beneficia 17 setores da economia, entre eles alguns dos que mais empregam no País (call center, comunicaçã­o, tecnologia da informação, transporte, construção civil, têxtil). A medida permite que empresas optem por contribuir para a Previdênci­a Social com um porcentual que varia de 1% a 4,5% sobre a receita bruta em vez de recolher 20% sobre a folha de pagamento.

A lei atual prevê que o benefício da desoneraçã­o será concedido até o fim de 2020. O Congresso aprovou a prorrogaçã­o até o fim de 2021, mas o presidente Jair Bolsonaro vetou a medida no dia 7 de julho. Ontem, a Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicaçã­o (Brasscom) estimou que o aumento da tributação sobre a folha pode eliminar 97 mil postos de trabalho formais no setor até 2025.

“O Davi (Alcolumbre) não está ajudando o governo, está ajudando o Brasil até se encontrar uma solução mediana para manter o veto da desoneraçã­o.”

Chico Rodrigues (DEM-RR)

SENADOR

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MICHEL JESUS/AGENCIA CAMARA-26/8/2020 Mediador. Alcolumbre tem sido chamado de ‘bombeiro’

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