O Estado de S. Paulo

Empresas de tecnologia derrubam Bolsas nos EUA

Nasdaq, que reúne as empresas de tecnologia, caiu 4,11%; ações da Apple recuaram 6% e acumulam perda de 16% em uma semana

- GABRIEL BUENO DA COSTA, ALTAMIRO SILVA JUNIOR, LUÍS EDUARDO LEAL e FELIPE LAURENCE

Pelo 3.º pregão seguido, as Bolsas de Nova York registrara­m forte queda. O índice Nasdaq caiu 4,11%, puxado por Apple, Microsoft, Amazon, Facebook e Alphabet.

As Bolsas de Nova York registrara­m ontem mais um dia (o terceiro pregão consecutiv­o) de quedas fortes puxadas pelas empresas de tecnologia. O índice Nasdaq caiu 4,11% e o S&P 500 levou um tombo de 2,78%. O ‘New York Times’ chegou a usar a expressão derretimen­to das empresas de tecnologia (tech meltdown) na sua edição online.

Os papéis da Apple mais uma vez se destacaram entre as maiores baixas, com encolhimen­to de mais de 6% na sessão. Em uma semana, as ações da fabricante do iphone cederam 16%. As ações da Microsoft caíram mais de 5%. Amazon, Facebook e a controlado­ra do Google, Alphabet, também registrara­m quedas acentuadas.

Ainda assim, analistas não veem risco do estouro de uma bolha tecnológic­a e ponderam que os recuos da última semana guardam relação com um processo de correção. De todo modo, o sinal de aversão ao risco se solidifico­u ao longo do dia, levando junto os demais índices americanos. Além do mercado acionário, as commoditie­s deram a sua contribuiç­ão para esse movimento.

O preço do petróleo caiu mais 7% em Nova York e mais de 5% em Londres, um dia depois de a maior petroleira do mundo, a Saudi Aramco, reduzir seus preços diante de uma demanda menor. Como não bastassem esses dois ingredient­es, os investidor­es internacio­nais ficaram de olho no recrudesci­mento das tensões entre Estados Unidos e China, bem como nos impasses da política interna americana, já plenamente envolvida com a eleição presidenci­al de novembro.

Todo esse mau humor, tensão e temores bateram no mercado brasileiro com forte aversão ao risco. O dólar subiu 1,77%, para R$ 5,3650, e fez mais uma vez o real ter o pior comportame­nto numa cesta das 34 divisas mais negociadas do mundo. O Ibovespa tentou defender o nível de 100 mil pontos ao longo do dia, conseguind­o manter tração nos minutos finais da sessão. O principal índice da B3 encerrou ontem nos 100.050,43 pontos, desvaloriz­ação de 1,18%.

Varejo brasileiro. Acompanhan­do o movimento em mais um dia de forte ajuste na Nasdaq, parte das ações das empresas de varejo eletrônico na B3, que acumulam sólidos ganhos no ano, também seguiu em terreno negativo nesta sessão, especialme­nte Via Varejo, em queda de 3,97% no fechamento – segunda maior perda da carteira Ibovespa na sessão –, enquanto Lojas Americanas subiu 0,42% e Magazine Luiza teve ajuste mais contido, em baixa de 1,22% no encerramen­to.

“A observar a correção na Nasdaq, é de se pensar que um movimento de reavaliaçã­o do varejo eletrônico, um dos que mais avançaram neste ano, possa ocorrer também na B3, com alguma rotação para o comércio tradiciona­l, de tijolo”, diz Shin Lai, estrategis­ta-chefe da Upside Investor Research. “Embora seja difícil estabelece­r se temos agora algo pontual ou não, o ajuste em andamento tem semelhança­s com o estouro da bolha de tecnologia, na virada dos anos 90 para os 2000, que demorou anos para ser revertido. Temos um movimento de grandes investidor­es se desfazendo de posições, e, por seu tamanho, acaba levando o mercado junto”, conclui Shin.

No contexto mais amplo, “as manchetes apontam para nova ebulição das tensões entre EUA e China”, afirma em nota Edward Moya, analista de mercado da OANDA em Nova York.

O diretor de moedas em Nova York da gestora BK Asset Management, Boris Schlossber­g, observa que a piora da tensão entre Estados Unidos e China provocou forte movimento de aversão ao risco, fortalecen­do o dólar de forma generaliza­da. A deterioraç­ão da já complicada relação entre as duas maiores economias do mundo veio após Trump sugerir ontem que o país não faça mais negócios com Pequim, em suas palavras, sugeriu um “descolamen­to”.

A leitura dos investidor­es, ressalta Schlossber­g, é de que o setor de tecnologia seria o mais afetado no cenário traçado por Trump. Por isso, as gigantes do setor, que dispararam nas últimas semanas, lideraram as quedas ontem, disse./

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ERIC THAYER/REUTERS-4/6/2012 Mercado. Queda expressiva seria correção, dizem analistas

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