O Estado de S. Paulo

EM SALVADOR, A DISPUTA PELO JINGLE ‘CHICLETE’

Por votos, candidatos a prefeito apostam no axé e no pagode para ‘grudar’ na cabeça do eleitor

- Regina Bochicchio

Uma disputa paralela ocorre na eleição em Salvador: a dos jingles com potencial para virarem hit e, quem sabe, até se tornar um “clássico”. Na propaganda eleitoral de rádio e TV, os preferidos são em ritmo de pagode, reggae e axé, com coreografi­as para “grudar” nome e número de candidatos na cabeça do eleitor.

Ritmo, letra e escolha do intérprete pesam na peleja. Não é à toa que cantores famosos como Leo Santana e outros que fazem sucesso nos “guetos” da capital, como A Dama do Pagode, Bambam King e Dennes Caffé foram contratado­s por campanhas

de parte dos candidatos para interpreta­r jingles.

O publicitár­io João Dude, marqueteir­o da campanha da Major Denice (PT) e um dos autores do jingle da candidata, disse que, em Salvador, o componente musical de uma campanha tem importânci­a grande. “Em Salvador, a musicalida­de é aflorada demais. Nosso povo é musical e gosta, se engaja, dança. Aí vira torcida. As pessoas gostam de tocar, curtir e dançar a música e abrir o fundo do carro, colocar no paredão. É cultural da nossa cidade ter essa disputa dos jingles”, afirmou.

O “pagodão” é o ritmo predominan­te dos jingles de cinco concorrent­es, entre eles o de Bruno Reis (DEM), candidato do prefeito ACM Neto (DEM). O jingle interpreta­do por Leo Santana diz: “Neto aprovou / O povo curtiu / Bora que embalou / Bora que pegou pressão / Bora nessa levada / Bora com Bruno / Não para não”.

O jingle de Major Denice mistura pagode com outros ritmos. “Quem nasce no gueto/ Não esquece os irmãos / Major Denice na missão / Quem cuida de gente / É quem tem vocação/ Major Denice na missão/ Mulher

no comando/ Botando pressão/ Major Denice na missão.”

Em seu jingle-pagode, o candidato Pastor Sargento Isidório (Avante) assume seu lado “doido” e é ele mesmo quem interpreta a música. “70, 70, é o doido, é o povo / 70, 70, o povo e o doido / 70, 70, é agora, vamos lá / Tá na hora, Isidório, pra Salvador melhorar”. A letra, segundo o candidato, foi composta por seu filho.

O candidato Rodrigo Pereira, do PCO, fica na contramão. Disse que não grava jingle porque “despolitiz­a o debate”.

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DEM Ritmo. Candidato do DEM, Reis (esq.) adotou o ‘pagodão’

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