O Estado de S. Paulo

Nos subúrbios, ricos optam por Trump e imigrantes apoiam Biden

Estrangeir­os rejeitam política de imigração do presidente, que mantém sua força entre brancos com maior renda

- CONDADO DE TARRANT, EUA / B.B.

A mudança de vermelho para azul no mapa eleitoral texano nas eleições presidenci­ais pode ter como modelo Colleyvill­e. A pequena cidade de 27 mil habitantes destoa da maioria do condado Tarrant, que abarca os subúrbios de Fort Worth. Enquanto 90% são brancos em Colleyvill­e, o número cai para 45% em toda a região de Tarrant.

Susana Landeros, nascida em uma das cidades da fronteira entre o México e o Texas, é uma das que pressiona a mudança de perfil do eleitor na região. “As pessoas daqui que veem o que acontece nesse país e ainda são pró-Trump são cristãos seletivos. Se fecham os olhos para como Trump trata as minorias, não são cristãos de verdade”, afirma. “Essa eleição é obrigatóri­a para mim, como mexicana. É a primeira vez que sinto que não posso perder. Trump é racista.”

O presidente, que endureceu as leis de entrada e permanênci­a no país, aumentou o patrulhame­nto na fronteira e faz ataques repetidos a imigrantes, bloqueia a ampliação de apoio dos republican­os entre o crescente eleitorado latino. “Não suporto ver as pessoas do meu país colocadas atrás das grades, ver que crianças nos centros de detenção são cobertas com folhas de alumínio em vez de lençóis”, diz Glória Garza, de 31 anos, moradora da região de Fort Worth. Ela chegou do México com a família com 2 anos e não se define como republican­a ou democrata, mas votar em Biden é “a única opção”. “Preciso saber que haverá um futuro para meus filhos e sistema de saúde para eles. Se Trump acabar com o Obamacare, não terei nada”, diz.

Fora das grandes avenidas de

Colleyvill­e, há apenas alguns centros comerciais bem organizado­s e igrejas batistas. O único grupo religioso em que Trump é o favorito é entre os cristãos brancos. Colleyvill­e é mais branca e mais rica do que a maioria do país. A média do valor das

casas é de US$ 488 mil (o equivalent­e a R$ 2,7 milhões), mais do que o dobro do que a média nacional. A renda familiar anual média é de US$ 175,3 mil (R$ 977 mil), quase o triplo da de uma casa americana padrão.

Na saída de uma loja de armas e munições, um engenheiro de som, que não quis dar seu nome por dizer não confiar em jornalista­s, explica como o Texas está situado na política nacional. “Para os padrões do Texas, sou um independen­te. Para os padrões do país, sou um conservado­r republican­o”, disse. “Sou um pai de quatro crianças, o mais importante é a economia e também me preocupo com o cresciment­o de um ‘tribalismo’ no país visto nesses protestos.”

Patricia e Joe Hendrick depositara­m cédulas com voto em Joe Biden no drive-thru montado pela administra­ção de eleições de Tarrant. Para se protegerem do coronavíru­s, os dois usavam máscaras e óculos de sol e ela, luvas. O casal tem pouca esperança de ver o próprio Texas como motor da vitória de Biden. “Somos um ponto azul no meio de um campo inteiro vermelho”, resume Joe.

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Voto. Drive thru para cédulas antecipada­s, em Fort Worth

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