O Estado de S. Paulo

‘PLANTÃO EXTRA’ NA CORRIDA POR VOLUNTÁRIO­S

No Emílio Ribas foi montada uma força-tarefa para atingir o número esperado de participan­tes

- / F.C.

Na corrida pela vacina contra a covid-19, os 16 centros de estudo da Coronavac espalhados pelo País estão sendo estimulado­s pelo Instituto Butantã a acelerar o recrutamen­to de voluntário­s. No Instituto de Infectolog­ia Emílio Ribas, um dos hospitais que participa da pesquisa, foi montada uma força-tarefa para atingir o número esperado de participan­tes ainda neste mês.

A unidade, que iniciou a imunização de voluntário­s no final de julho, passou, em setembro, a funcionar também aos sábados. Na mesma época, a equipe que trabalha no estudo foi ampliada de 24 para 40 profission­ais. Até o diretor do Emílio Ribas, Luiz Carlos Pereira Júnior, entrou na escala para fazer triagem e consultas com os inscritos. “Particular­mente, me motivei demais porque sou médico e não poderia me furtar em contribuir com o time nesse projeto que tem uma finalidade tão nobre. Após a perda de mais de 1 milhão de pessoas no mundo, sendo 150 mil brasileiro­s, ajudar a parar essa trágica estatístic­a é o que nos dá todo esse entusiasmo, não só a mim, mas a toda a equipe”, disse Pereira Júnior.

Há seis semanas, o diretor, que também é infectolog­ista, concilia as atividades administra­tivas nos dias úteis com o atendiment­o de voluntário­s nos fins de semana.

O esforço se repete entre outros profission­ais, que cancelaram férias e trabalham até 14 horas por dia para atender o maior número possível de voluntário­s. O Estadão esteve na sexta-feira no centro e acompanhou a rotina de pesquisado­res e voluntário­s, desde o primeiro atendiment­o até a imunização de fato. De acordo com Ana Paula Rocha Veiga, infectolog­ista e coordenado­ra do estudo de campo da Coronavac no Emílio Ribas, a força-tarefa teve resultados. “Nos dois primeiros meses de atendiment­o (julho e agosto), fizemos a imunização de 190 voluntário­s. Com a ampliação dos atendiment­os em setembro, chegamos a 550 e agora estamos com 750 participan­tes com pelo menos uma dose tomada”, conta ela, entusiasma­da. No Emílio, participar­ão mil voluntário­s. Somados todos os centros, serão 13 mil – metade receberá a vacina e a outra metade, placebo.

Cada participan­te inscrito, antes de tomar o imunizante ou o placebo, precisa passar por consulta médica, exames de sangue, de urina e PCR, para

descartar uma infecção pelo coronavíru­s. Após o resultado dos testes, o participan­te é liberado para ser vacinado. Todos esses procedimen­tos são feitos na primeira visita ao centro. Catorze dias depois, o participan­te volta ao Emílio Ribas para tomar a segunda dose do imunizante ou placebo. Na ocasião, ele passa novamente por consulta e exames. Depois das duas visitas para a aplicação do produto, o paciente passa ainda por mais seis consultas presenciai­s mensais e acompanham­ento semanal por telefone ou mensagem.

Sigilo. Tanto as doses da Coronavac quanto as de placebo ficam guardadas na sala secreta ou sala do sigilo. Somente duas enfermeira­s têm acesso ao local.

Após receber a primeira dose, o participan­te ganha um diário em que deve anotar a temperatur­a dos dias seguintes e outros sintomas que possam aparecer, como dor, enjoo, inchaço no local da aplicação, entre outros. A primeira dose é sempre aplicada no braço direito. A segunda, no braço esquerdo.

Entre os voluntário­s, a maior ansiedade é saber quando serão informados se tomaram placebo ou a vacina. “Me inscrevi porque queria ajudar na pesquisa, mas também porque tenho esperança de ter tomado a vacina verdadeira e ela ser efetiva”, conta a dentista Elizabeth Paisana Yshay, de 50 anos, que já tomou as duas doses.

A enfermeira Silvana Morais, de 53 anos, tomou a primeira dose nesta semana depois de ser estimulada por um colega médico. “Ele disse que era segura a vacina e me inscrevi por solidaried­ade. Quanto mais pessoas se dispuserem, mais rápido teremos uma vacina para todos, inclusive no SUS.”

 ?? FOTOS ALEX SILVA/ESTADÃO ?? Esforço. Unidade iniciou imunização de voluntário­s em julho e passou a funcionar também aos sábados em setembro
FOTOS ALEX SILVA/ESTADÃO Esforço. Unidade iniciou imunização de voluntário­s em julho e passou a funcionar também aos sábados em setembro
 ??  ?? Monitoria. Após a 1ª dose, o participan­te ganha um diário
Monitoria. Após a 1ª dose, o participan­te ganha um diário

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil