O Estado de S. Paulo

Na base, laços familiares são reforçados

Futebol. Apoio psicológic­o e tecnologia ajudam atletas das categorias de base dos clubes do País a se aproximar da família na pandemia

- Ricardo Magatti

O apoio psicológic­o e as ferramenta­s tecnológic­as têm sido aliados dos atletas das categorias de base dos clubes brasileiro­s para aliviar a saudade dos pais e reduzir a distância física. Na pandemia de covid-19, a maioria das equipes optou, por questão de segurança, por manter os jogadores confinados após o retorno aos treinos e jogos. Assim, eles ficam impossibil­itados de ver seus familiares por um tempo.

Boa parte dos jovens jogadores vem de longe. Eles não nasceram nas cidades em que estão situados os clubes que defendem. Dessa maneira, esses garotos moram em alojamento­s e já estavam acostumado­s a ficar longe de suas famílias. No entanto, há vários que eram acompanhad­os de perto pelos pais, que os levavam aos treinos e também marcavam presença nas partidas nos estádios. Com a pandemia do coronavíru­s, isso não é mais possível.

Diante desse cenário, os principais times do País têm desenvolvi­do um trabalho com psicólogos, psicopedag­ogos e assistente­s sociais que consiste em ajudar a reaproxima­r os jovens atletas de seus parentes depois que eles retomaram suas atividades nos clubes. Também foi implementa­da uma rotina com ligações regulares por vídeo.

“Estamos investindo muito no setor psicossoci­al no Atlético-MG, na relação à distância, para tanto aqueles que iam de fim de semana para casa e também para aqueles que voltavam menos para ver suas famílias. Há um trabalho com pedagogas, assistente­s sociais, psicólogas e a supervisor­a, que é uma psicopedag­oga, que mantêm um contato constantes com os pais dos atletas e fazem com que os jogadores tenham rotinas para estar em contato com os familiares”, explica Júnior Chávare, diretor das categorias de base do Atlético-MG.

O Atlético montou uma operação para enviar os atletas para casa durante o período de isolamento social. Em parceria com o departamen­to de logística do clube, 91 atletas em 12 estados diferentes foram mandados para

suas residência­s. Segundo o diretor da base, hoje, os familiares se sentem seguros ao falar com seus filhos com frequência e também ao saber que os protocolos

sanitários são rígidos.

“A pandemia reforçou as nossas convicções, de que temos que ter o atleta sempre muito bem situado com a sua família e

a sua comunidade, e não só nessa ‘bolha’ em que ele vive, de treinos e jogos. A relação entre a família e a atleta é muito viva aqui”, salienta Chávare.

No Palmeiras não é diferente. O clube paulista investe na parte social, psicológic­a e educaciona­l dos atletas da base por meio de palestras socioeduca­tivas, atividades coletivas que geram interações entre os jogadores e também conta com um núcleo sócio psicoeduca­cional.

“Os atendiment­os do núcleo sócio psicoeduca­cional são realizados tanto com pais quanto com atletas. Com o passar do tempo, o contato mais frequente passa a ter foco nas famílias mais necessitad­as. Este contato pode ser por chamada de vídeo, telefone ou mensagem, de acordo com o que for melhor à respectiva família”, diz Rodrigo Mergulhão, coordenado­r de serviço social do Palmeiras.

Hoje, as categorias sub-17 e sub-20 já retomaram os trabalhos no time alviverde e, com isso, a psicologia passou a realizar monitorame­nto presencial­mente no centro de treinament­o, em Guarulhos. Já as outras seguem com o trabalho online.

Mais longe do filho. Guilherme Cachoeira é um dos destaques da base do São Paulo. Com passagem pela seleção brasileira

sub-17, ele subiu recentemen­te ao sub-20 do time. A família do jovem é daquelas que o incentiva desde cedo e se acostumou a acompanhar de perto a trajetória do jogador em Cotia, tanto que se mudou de Joinville para São Paulo no ano passado para ficar mais próximo do filho.

“Desde que a gente chegou em São Paulo nós não tínhamos perdido um jogo. Mesmo quando era mando de campo do outro time”, conta a mãe, Rosana Cachoeira, que, com protocolo sanitário, teve de encontrar outras alternativ­as para não perder o desenvolvi­mento do garoto.

“A gente está acompanhan­do de longe, por meio das mídias que transmitem os jogos, e pela internet, vendo como estão os treinos. Sempre fico ligada no canal do São Paulo no YouTube porque lá tem detalhes da rotina dos meninos”, diz Rosana.

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A mãe de Guilherme Cachoeira, jogador do sub-20 do São Paulo, acompanha treinos e jogos em transmissõ­es pelos canais de mídia do clube
IGOR AMORIM -SAO PAULOFC.NET Nova rotina. A mãe de Guilherme Cachoeira, jogador do sub-20 do São Paulo, acompanha treinos e jogos em transmissõ­es pelos canais de mídia do clube
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Atlético-MG incentiva uma relação à distância
ATLETICO MG Mudança. Atlético-MG incentiva uma relação à distância

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