O Estado de S. Paulo

A nova geração brasileira no tênis

Roland Garros. Bruno Oliveira e Natan Rodrigues foram finalistas do torneio juvenil

- Luis Filipe Santos

Bruno Oliveira e Natan Rodrigues conseguira­m um resultado surpreende­nte ao chegar à final do torneio juvenil de duplas de Roland Garros, quando então acabaram derrotados pelo italiano Flavio Cobolli e o suíço Dominic Stricker. Os brasileiro­s repetiram o feito de Bruno Soares no profission­al e se credenciar­am como novas promessas do tênis nacional. Mas os jovens de 18 anos mantêm o cuidado de não ter se especializ­ado nas duplas e ressaltam que sabem a dificuldad­e de realizar a transição para serem profission­ais no esporte.

“Foi a realização de um sonho! O torneio teve um nível técnico muito alto, mas fomos pensando jogo a jogo, mantendo a energia lá no alto. Nosso melhor jogo foi a semifinal (contra os tchecos Martin Krumich e Dalibor Svrcina), vencemos em dois sets direto, por 6/2 e 6/4, e conseguimo­s alcançar um nível muito bom”, descreve o mineiro Bruno sobre a campanha no saibro francês.

Na final, a dupla indica o que poderia ter sido diferente. “Sabíamos que seria uma dupla difícil de enfrentar. Tivemos algumas oportunida­des na quebra do saque e chegamos a ficar próximos no placar, mas cometemos alguns erros e eles levaram a melhor. O suíço (Stricker) tinha sido campeão no simples, estava muito confiante e relaxado e passou isso para o italiano”, lembra o baiano Natan.

Mas nem só nos jogos disputados a dupla ganhou experiênci­a na França. Graças aos “mentores” Bruno Soares e Hugo Daiber, puderam treinar com Novak Djokovic no aqueciment­o para a decisão de simples do profission­al. “Foi uma oportunida­de de outro mundo, aquecer o número 1 antes de uma final de Roland Garros. Eu já tinha treinado com ele em Roma, no Masters 1000, essa foi a segunda vez. Foi super legal, ele é um cara incrível”, comenta Bruno.

Os dois ressaltam a ajuda d treinador Daiber e do duplista Soares, que consideram essenciais para a evolução na carreira, tanto pelos conselhos e amizade quanto pelas portas que ajudam a abrir.

Felizes com o segundo lugar em Roland Garros, Natan e Bruno acreditam que ainda têm muito a melhorar. “Temos que treinar algumas jogadas específica­s, algumas perto da rede, e também o saque. Mas isso vem com o tempo, sabemos que estamos no caminho certo. Estamos jogando em alto nível e sabemos que temos muito potencial”, acredita Natan.

Tanto Natan quanto Bruno querem seguir juntos como dupla, mas ainda não são especializ­ados na modalidade. Enquanto Bruno treina em Belo Horizonte, Natan mora em São José do Rio Preto. Com isso, acabam treinando os fundamento­s também para jogar sozinho. Os dois fazem seis meses do calendário do circuito juntos e, assim, treinam o entrosamen­to em quadra nesse período.

“Temos uma química boa em quadra e estamos tendo bons resultados. O futuro ninguém sabe”, diz Natan. “Mas estamos preparados para grandes torneios e temos uma grande amizade, e queremos seguir até o final da carreira”, afirma Bruno.

Gustavo Kuerten também tenta ajudar na carreira dos dois garotos com conselhos. “Ele faz o papel (de conselheir­o). Como alguém que conhece muito bem o caminho das pedras, tenta ajudar muito na nossa transição, que é onde o tênis brasileiro tem pecado muito nos últimos anos”, diz o jovem de 18 anos.

Natan começou a jogar tênis

Natan Rodrigues

VICE-CAMPEÃO EM ROLAND GARROS ‘Sabemos que estamos no caminho certo, jogando em alto nível e sabemos que temos muito potencial’

aos nove anos, treinado por Evaldo Silva, o Evaldinho, em Costa Verde, em Salvador. Com 15 anos, se mudou para São José do Rio Preto. Já Bruno iniciou no esporte aos sete anos em Belo Horizonte e começou a jogar torneios nacionais aos 10. Pouco depois de ter iniciado, foi para a seleção sub-14. Jogam juntos há quatro anos.

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FOTOS: CORINNE DUBREUIL / FFT Futuro. Bruno Oliveira e Natan Rodrigues fizeram grande campanha no Roland Garros e se mostram uma dupla afinada
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No pódio. Brasileiro­s garantiram o segundo lugar em Paris

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