O Estado de S. Paulo

Maia descarta auxílio por mais 3 meses

Há articulaçõ­es no Congresso para que estado de calamidade tenha mais três meses, o que ampliaria pagamento do auxílio emergencia­l

- Fabrício de Castro / Cícero Cotrim/

O presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEMRJ), afirmou ontem que a possibilid­ade de prorrogaçã­o do estado de calamidade, decretado durante a pandemia do novo coronavíru­s, por mais três meses “não existe”. Segundo ele, isso significar­ia a prorrogaçã­o, também por mais três meses, da Proposta de Emenda à Constituiç­ão (PEC) do Orçamento de Guerra, o que “seria uma sinalizaçã­o muito ruim quanto à âncora fiscal”.

A princípio, o estado de calamidade pública terminará no fim de dezembro de 2020. No Congresso, no entanto, há articulaçõ­es para que ele abarque mais três meses, o que abriria espaço para que benefícios ligados à PEC de Guerra também durem para além de 2020.

Ao avaliar a questão, Maia lembrou que o orçamento primário brasileiro tem hoje “pouca gordura”, o que afeta a capacidade do governo de manter o auxílio emergencia­l – lançado durante a pandemia – por mais tempo. De acordo com o presidente da Câmara, há quem avalie que é possível “empurrar” mais o auxílio para o próximo ano, sem que haja problemas.

Maia, no entanto, vê a questão de outra forma.

Data. “A estrutura criada para enfrentar a pandemia tem data para acabar, em dezembro de 2020”, disse. “Se houver mudança, vai afetar muito mais a vida dos brasileiro­s”, pontuou o presidente da Câmara, que participou ontem de evento virtual da XP Investimen­tos.

Maia afirmou que a prorrogaçã­o do auxílio emergencia­l para além de 2020, se ocorrer, fará o governo federal “pagar a conta com sua popularida­de”. “Qualquer caminho que use atalho, parece bom, você chega mais rápido, mas o brasileiro paga a conta”, citou, acrescenta­ndo que isso se reflete na popularida­de do presidente.

“Quando aprovamos PEC da Guerra, contratamo­s o período para despesas extraordin­árias.

Isso está dado. A Câmara não vai votar a prorrogaçã­o do estado de calamidade, porque não vê necessidad­e”, reforçou.

Questionad­o sobre a possibilid­ade de o Senado acolher a ideia de não cumpriment­o do teto de gastos, Maia afirmou que sua preocupaçã­o é “zero”. “Os senadores têm experiênci­a e têm cumprido seu papel”, afirmou. “Sei que os parlamenta­res não vão aceitar mudanças no teto de gastos”, acrescento­u.

Maia afirmou ainda que, “em tese, o teto vai explodir em 2021”. No entanto, segundo ele, “existem despesas que podem ser alocadas”. Ele disse que o financiame­nto de um programa de transferên­cia de renda em 2021 deve partir da reorganiza­ção de despesas já existentes. Segundo o deputado, cerca de 18 itens no Orçamento podem ser modificado­s para liberar um espaço de R$ 30,0 bilhões necessário­s para financiar o programa.

Reforma tributária. O presidente da Câmara afirmou que corporaçõe­s ligadas ao Fisco em âmbito federal, estadual e municipal não desejam as mudanças trazidas pela reforma tributária porque “não querem perder poder”.

Maia também criticou a postura do empresaria­do brasileiro em relação à reforma. “Me irrita muito essa paixão dos empresário­s por reforma administra­tiva e previdenci­ária. E quando chega a tributária, eles falam: ‘vamos deixar para depois’”, criticou.

Ele disse que a adoção de um Imposto sobre o Valor Agregado (IVA) será uma “grande revolução” e abrirá espaço para o encerramen­to de litígios judiciais e para redução dos custos das empresas. Ele também se disse otimista com a tramitação da reforma tributária. “Há ambiente para aprovar.”

Maia ponderou, por outro lado, que a reforma não pode ser aprovada no Congresso sem a participaç­ão do ministro da Economia, Paulo Guedes. Ele citou ainda o receio entre os prefeitos das capitais de que haja perda de receitas. “Pelo contrário”, disse.

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NAJARA ARAUJO / AGENCIA CAMARA - 1/9/2020 Fim do socorro. Maia disse que governo vai ‘pagar com sua popularida­de se prorrogar pagamento do auxílio emergencia­l’

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