Piscinas reabrem, mas protocolo deve ser seguido
Distanciamento social e restrições devem ser seguidos fora da água, como na área de tomar sol, afirma médico
Apesar de eventos e lançamentos ao redor do mundo serem adiados devido à pandemia do novo coronavírus, a primavera de 2020 decidiu antecipar o desfile da coleção de verão. Logo no início do mês, os termômetros em São Paulo se aproximaram do recorde de dia mais quente já registrado na história da cidade, batendo 37,4°C. Com os picos de temperatura, a piscina ganhou destaque em meio às discussões sobre a reabertura das áreas comuns nos condomínios.
De acordo com a administradora digital LAR.app, alguns síndicos fizeram pesquisas com os moradores para saber se eles se sentiam confortáveis com a reabertura e definir que medidas seriam tomadas, enquanto outros preferiram observar o ritmo e as recomendações dos órgãos oficiais de saúde.
“A redução do número de condôminos utilizando o espaço foi significativa, sendo permitida na maioria dos condomínios a permanência de uma ou duas famílias por vez, no caso de piscinas grandes”, diz Leonardo Boz, CEO da plataforma. O tempo de uso deve ser limitado para que toda a comunidade do prédio possa aproveitar.
A regra geral de reabertura das áreas comuns é que todos usem máscara de proteção. No caso das piscinas, no entanto, o equipamento é dispensado, tornando as outras ações preventivas ainda mais importantes.
“O cloro e as soluções desinfectantes usadas na piscina com certeza inativam o vírus dentro da água”, garante o doutor Moacyr Silva, infectologista da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein. Ele esclarece que os poros da máscara de proteção se abrem quando ela é molhada, tornando-a ineficaz – e por isso o uso dentro da água é dispensado.
Não dividir objetos e manter o distanciamento social de pelo menos 1,5 metro entre as pessoas é fundamental. “O vírus não sobrevive na água tratada, mas a transmissão de pessoa para pessoa acontece por meio de gotículas e liberação de aerossóis”, lembra o infectologista. Ou seja, tudo bem nadar, mergulhar e boiar na piscina ao mesmo tempo que outra pessoa, mas nada de bater papo perto, mesmo dentro da água.
O especialista alerta que as recomendações valem somente para piscinas ao ar livre. “A piscina fechada e aquecida é proibitiva”, diz, lembrando que, neste tipo de espaço, os moradores ficam confinados e o vírus permanece no ambiente.
Controle. Segundo José Roberto Graiche Júnior, presidente da AABIC (Associação das Administradoras de Bens Imóveis e Condomínios de São Paulo), a maioria dos empreendimentos decidiu pela reabertura gradual da área da piscina, inclusive do espaço para o banho de sol.
“Mais de 85% das piscinas instaladas nos condomínios do Estado de São Paulo foram reabertas”, calcula ele.
Para garantir a segurança dos usuários, a AABIC recomenda fazer marcação e delimitação de espaço entre as cadeiras para banho de sol e higienizar os equipamentos com frequência. “É recomendável também que todos os moradores tenham as mesmas possibilidades de usar a piscina, não pode privilegiar uma unidade”, afirma.
A concorrência para se refrescar deve crescer com os dias mais quentes, exigindo talvez um reforço, aponta Graiche. “Com a possibilidade de aumento do fluxo de pessoas, muitos condomínios já direcionaram um funcionário para controlar a entrada das pessoas na piscina”, conta.
Votação. Entendendo que a vida nos condomínios tende a voltar ao normal aos poucos, a Lello Condomínios produziu, em parceria com o projeto InformaSUS, integrado pelos docentes e pesquisadores da área de medicina da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), um protocolo de biossegurança com orientações de prevenção e boas práticas para a retomada segura da convivência.
Uma das recomendações é o sistema de reservas, que tem sido feito pelo advogado Michael Feitosa, de 39 anos, no condomínio do qual é síndico, na Mooca, zona leste da capital paulista. “Fomos acompanhando os protocolos de abertura do governo e fizemos um primeiro teste com a quadra, permitindo o uso de cada família por uma hora, desde que tivesse agendamento prévio”, diz.
A reabertura da piscina, assim como de outras áreas comuns, foi decidida em assembleia extraordinária. Por enquanto, é permitido o uso compartilhado por, no máximo, duas famílias, mantendo-se o distanciamento.
O condomínio disponibiliza álcool em gel e exige uso da máscara para entrar e sair da área, bem como para quem fica sentado nas mesas. As espreguiçadeiras foram retiradas.
FOMOS ACOMPANHANDO OS PROTOCOLOS DE ABERTURA DO GOVERNO E FIZEMOS UM PRIMEIRO TESTE COM A QUADRA, PERMITINDO O USO DE CADA FAMÍLIA POR UMA HORA
Michael Feitosa SÍNDICO NA MOOCA (À ESQ.)