O Estado de S. Paulo

Troca de instituiçã­o exige esforço para se adaptar

Fazer novos amigos e se sentir acolhido já é uma dificuldad­e, que ganhou mais um componente: a distância de aulas remotas

- / LUCIANA ALVAREZ, ESPECIAL PARA O ESTADO

Uma mudança de endereço, uma dificuldad­e de aprendizag­em, a busca por mais desafios ou por valores semelhante­s aos da família. Os principais motivos que levam pais a trocar os filhos de escola não se alteraram durante a pandemia. Tampouco acabou a necessidad­e de um acolhiment­o para o aluno novo da turma.

A diretora pedagógica do Colégio Vital Brazil, Suely Nercessian Corradini, sente que ano a ano as famílias estão se preparando melhor para o processo de troca de colégio. “Elas vêm trazendo perguntas mais refinadas. E sempre perguntam sobre como vai ser o acolhiment­o, tanto para os pequenos quanto para quem chega ao ensino médio”, conta Suely.

Segundo a educadora, os pais estão certos e devem mesmo se preocupar com a integração social mesmo com os mais velhos.“O maior medo de quase todos é passar o intervalo sozinho nos primeiros dias”, diz.

Para que todos fiquem tranquilos, a escola tem um projeto de “tutoria”, pelo qual o professor faz algumas dinâmicas para receber o aluno novo logo no primeiro dia, e algum colega de classe fica responsáve­l por convidar o novato para tomar lanche junto. Durante as aulas remotas, em vez de companhia no recreio, os tutores têm procurado se aproximar oferecendo ajuda ao novo aluno nas tarefas e nos trabalhos em grupo.

Paciência. Claro que sempre houve crianças mudando de colégios no meio da jornada, mas há fatores culturais da atualidade que contribuem para que as trocas sejam mais frequentes. “Em outras épocas, as pessoas não tinham tantas opções. Também há certo imediatism­o para tudo, e as pessoas não ficam com paciência para um processo mais longo”, diz Lucila Sarteschi, coordenado­ra de ensino fundamenta­l no Colégio Renascença.

Quando as mudanças são muito frequentes, é um sinal de alerta. “Se a criança pula de escola ano após ano, geralmente está com alguma dificuldad­e de aprendizag­em. É natural que os pais mudem até achar a escola certa, uma que os abrace”, afirma Lucila.

A coordenado­ra lembra, porém, que o mais comum ainda são os pais que procuram uma formação do começo ao fim da escolarida­de obrigatóri­a. “Nosso padrão é de alunos que entram antes mesmo de falar e saem daqui para a faculdade. Existe um projeto de formação de vida”, diz.

Durante vários anos, Loretta Nigri quis que as filhas, Rachelly e Tiffany, de 12 e 8 anos, frequentas­sem uma escola bilíngue, para terem domínio do inglês. Embora todas gostassem do colégio, a mãe achou que este ano era hora de elas estudarem em uma instituiçã­o com valores judaicos – e as transferiu para o Renascença. “Sei que elas estavam felizes na outra escola, mas minha mãe e eu estudamos no Renascença; era importante elas também terem esse percurso. Escolhi a tradição e a cultura”, explica.

As meninas tiveram apenas 40 dias de aulas presenciai­s, até as escolas serem fechadas. Ainda assim, a integração deu certo. “Elas encararam a mudança animadas e curiosas. A escola foi acolhedora. Hoje elas já têm um círculo de amizades com os colegas de classe, ainda que virtual”, conta a mãe.

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SARA LÉA NIGRI Tradição. Loretta com as filhas Rachelly e Tiffany, que foram para o Renascença

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