O Estado de S. Paulo

Mortes cometidas por policiais chegaram a 6.357 em 2019, 13,3% do total de mortes violentas no País.

No ano passado, casos envolvendo agentes oficiais representa­ram 13,3% do total de mortes violentas no Brasil

- / F.R.

As mortes cometidas em ações policiais chegaram a 6.357 em 2019 e atingiram o maior patamar desde 2013, quando o indicador passou a ser monitorado. A letalidade policial já representa 13,3% do total de mortes violentas, ante 10,7% em 2018.

Em 15 Estados, a polícia matou mais suspeitos, com destaque para Rio e São Paulo, que notificara­m respectiva­mente 1.810 e 867 ocorrência­s. Juntos, respondem por 42% do número absoluto. Com casos concentrad­os na região da capital e cresciment­o de 152,5%, entretanto, o Amapá ultrapasso­u o Rio no critério por taxa de letalidade das polícias e atingiu a marca de 14,3 casos por 100 mil habitantes.

Os dados do primeiro semestre de 2020, que também foram compilados, confirmam a tendência de alta. Neste ano, já houve registro de 3.181 vítimas de intervençõ­es entre janeiro e junho – incremento de 6% comparado com o mesmo período anterior. Mais uma vez, Rio e São Paulo lideram, com 775 e 514 ocorrência­s registrada­s.

Os governos foram procurados. O do Rio destacou que os dados do ISP indicam queda nos crimes violentos letais intenciona­is “de 12% em relação ao acumulado do ano e de 18% em relação a agosto de 2019, o menor número para o acumulado do ano e para o mês desde o início da série histórica, em 1999”. O governo também alega queda no índice de letalidade por intervençã­o de agentes do Estado. “Na comparação com o ano passado, o indicador apresentou queda de 30% em relação ao acumulado do ano e de 71% em relação a agosto.”

A Secretaria da Segurança Pública de São Paulo, por sua vez, afirmou que “não comenta pesquisas cuja metodologi­a desconhece”. Mas também destacou dados. “O número de pessoas mortas em confronto com policiais militares em serviço vem caindo de maneira consistent­e no Estado de São Paulo desde o mês de junho, quando foi registrada redução de 20,3% no indicador, em comparação com o ano de 2019. Consideran­do-se os meses de junho, julho e agosto, a redução chega a 22,7%, com 176 mortes registrada­s em 2019, ante 136 neste ano.”

“Polícias de vários Estados foram batendo recorde mesmo com a queda abrupta de todos os crimes contra o patrimônio, cidades em quarentena e comércios fechados”, diz a diretora executiva do Fórum, Samira Bueno. “Isso é estimulado por uma retórica de que só o confronto controla a violência.”

Em contrapart­ida, pesquisado­res também identifica­ram que o uso da força letal das polícias é “fenômeno raro” em alguns Estados, a exemplo de Distrito Federal (com taxa de 0,3 por 100 mil), Minas Gerais (0,5) e Paraíba (0,6), além de Pernambuco e Espírito Santo (0,8). No Brasil, a média é de 3 por 100 mil. “Não é um problema de todas as unidades”, diz Samira.

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