O Estado de S. Paulo

Privatizaç­ão perde espaço na campanha

Eleitos em 2016 com a bandeira da desestatiz­ação, Doria e Covas concretiza­ram 4 de 23 projetos; concorrent­es não priorizam o tema

- Tulio Kruse COLABOROU ADRIANA FERRAZ

Mote da eleição de 2016, a proposta de obter recursos para São Paulo a partir de programas de concessão, privatizaç­ão ou parcerias perdeu espaço na campanha deste ano, marcada pela pandemia de covid-19. Eleitos há quatro anos com a bandeira da desestatiz­ação, os tucanos João Doria e Bruno Covas só concretiza­ram quatro dos 23 projetos apresentad­os desde então.

Isso colaborou para que o atual prefeito, candidato à reeleição, tenha optado por defender, a um mês do primeiro turno, a aprovação de um auxílio financeiro e não uma nova parceria com a iniciativa privada. Seus concorrent­es também não têm priorizado o tema.

Segundo levantamen­to feito pelo Estadão, ao menos 16 projetos da gestão Doria-covas estão suspensos ou ainda aguardam a abertura de licitações, das 23 propostas de desestatiz­ação que já tiveram estudos iniciados. Outros três estão em estágio avançado, com editais abertos ou licitantes selecionad­os. Seis projetos estão suspensos por decisão do Tribunal de

Contas do Município (TCM) e das comissões responsáve­is pelos certames.

Entre os projetos finalizado­s estão o Estádio do Pacaembu e o Parque do Ibirapuera, concedidos por 35 anos. Os demais são o Mercado Municipal de Santo Amaro e a administra­ção do estacionam­ento rotativo público, a Zona Azul. A Prefeitura prevê finalizar até dezembro a concessão do Vale do Anhangabaú, do Mercadão e de baixos de viadutos.

A importânci­a do Estado nas ações de combate ao novo coronavíru­s, na avaliação do cientista político Marco Antonio Teixeira, da FGV-SP, ajuda a explicar a mudança de comportame­nto dos candidatos. “A questão social ganhou centralida­de com o aumento da pobreza, que afeta diretament­e os municípios. Nem mesmo os mais liberais têm tratado o tema das concessões com a mesma ênfase este ano”, afirma.

Se os candidatos de esquerda já não defendiam publicamen­te propostas do tipo – Guilherme Boulos (PSOL) chegou a escrever em seu plano que iria revogar a concessão do Pacaembu e depois explicou que primeiro faria uma auditoria –, os políticos mais associados à direita ou mesmo ao centro têm sido discretos em relação ao tema. Andrea Matarazzo (PSD) fala em continuar com o projeto do Anhembi e conceder terminais de ônibus – citados também por Celso Russomanno (Republican­os), que menciona parcerias para habitações populares, como Joice Hasselmann (PSL). Já Márcio França (PSB) diz que tentaria refazer todas as concessões que não avançaram.

Em nota, a Prefeitura afirmou que nos últimos quatro anos foram concluídos processos para parcerias e concessões de mais de 20 equipament­os e serviços do Plano Municipal de Desestatiz­ação (PMD), que incluem Parcerias-público Privadas (PPPS), de R$ 4 bilhões, e há outros 11 processos que “podem ser concluídos até o final do ano”. Nos próximos 30 dias, a Prefeitura pretende concluir a concessão do Anhangabaú, do Anhembi, de Geração Distribuíd­a Fotovoltai­ca, do Mirante Martinelli, do Parque Trianon e do Parque Mario Covas. Sobre os projetos suspensos pelo TCM, a Prefeitura diz que está “tomando as providênci­as para superá-las ainda neste ano”. /

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil