Automação eleva a produtividade, diz sociólogo
Um dos objetivos da digitalização é elevar a produtividade das empresas, que no Brasil é muito baixa, afirma o sociólogo Glauco Arbix, professor da Universidade de São Paulo (USP). Do outro lado, no entanto, ela enxuga o mercado de trabalho, como ocorreu em outras revoluções no passado. “Se olhar para o retrovisor vamos perceber que a história vai se repetir”, diz ele, referindo-se à revolução industrial. Naquela época, algumas ocupações desapareceram e muitos tiveram de mudar de área e ocupação.
O problema, avalia Arbix, é que o Brasil não está preparado para essa transformação digital muito acelerada por causa da falta de mão de obra qualificada. Sem políticas públicas para treinar esse contingente de pessoas, o fosso entre os profissionais com maior e menor qualificação vai aumentar. “Teremos uma grande massa de pessoas ganhando pouco e uma pequena elite ganhando muito.”
Uma pesquisa feita pela consultoria PWC, com 2 mil brasileiros, mostra que mais da metade dos entrevistados acredita que a automação vai reformular seu trabalho e torná-lo obsoleto em dez anos. Por isso, 92% dos entrevistados estão preocupados com a requalificação – que virou a palavra-chave dessa nova era. Além de políticas públicas, as empresas também terão sua responsabilidade na qualificação dos profissionais uma vez que as ferramentas tecnológicas exigem reciclagem constante. Quem não conseguir se atualizar poderá ficar fora de um mercado cada vez mais exigente.