O Estado de S. Paulo

Netafim vê cenário favorável a investimen­to em irrigação

- E-MAIL: COLUNA.BROADCASTA­GRO@ESTADAO.COM LETICIA PAKULSKI e CLARICE COUTO

Juros baixos em um ano de safra cheia e preços remunerado­res das commoditie­s agrícolas favorecem o investimen­to, e a Netafim no Brasil prevê boas oportunida­des para projetos de irrigação ao longo da safra 2020/21. “Há tempos não tínhamos essa coincidênc­ia de fatores a favor do investimen­to”, diz Ricardo Almeida, novo CEO para o Mercosul. A empresa, líder em irrigação por gotejament­o, não abre seus números por país, mas vê vendas 10% maiores neste ano no Mercosul, onde o Brasil é o principal mercado. Por aqui, a capacidade de produção crescerá 30% até dezembro e em 2021 a equipe técnica terá incremento de 30% para maior aproximaçã­o com produtores. A empresa atingiu 20 mil hectares irrigados em 2020 e prevê cresciment­o de 15% para o ano que vem. O atraso na regulariza­ção das chuvas e o fenômeno climático La Niña, que está configurad­o e pode causar clima mais seco no Sul do Brasil, sinalizam para maior demanda por irrigação pelo menos até meados de 2021.

» Para o Centro-oeste. Depois de se consolidar nos segmentos de frutas e vegetais, cana-de-açúcar e café, com atuação no Sudeste e Nordeste, a Netafim busca ganhar fôlego em grãos e fibras no Cerrado. A ideia é ajudar o produtor a fazer uma terceira safra ou aumentar rendimento da segunda. “Com irrigação, podemos viabilizar mais uma safra no período seco, de cerca de cinco meses”, explica Almeida.

» De olho no arroz. A Netafim testa um modelo de irrigação por gotejament­o para arroz no Rio Grande do Sul e Santa Catarina, substituin­do a inundação. Segundo Almeida, pilotos indicaram economia de 80% de água e a possibilid­ade de uma segunda safra de outra cultura. “Fizemos o projeto em caráter experiment­al nos últimos dois anos e, a partir da safra 2021/22, queremos expandir para áreas comerciais.”

» Fôlego. Com as exportaçõe­s de carne aquecidas no Brasil, a Sanphar Saúde Animal, maior negócio do recém-criado SAN Group, deve fechar o ano com faturament­o 25% a 30% maior no País, de até R$ 130 milhões. Não é pouca coisa consideran­do que representa­ria quase 40% da receita global do grupo. “Estamos crescendo acima do mercado”, diz Marco Aurélio Gama, diretor-gerente para a América Latina da Sanphar.

» Portfólio cresce. Os segmentos de biosseguri­dade, de produtos de limpeza e desinfecçã­o, e prevenção, caso das vacinas, se destacam neste ano, diz Gama. A empresa reinveste de 3% a 5% do faturament­o em modernizaç­ão e equipament­os e, até o fim de 2020, terá mais três produtos nas linhas de biossegura­nça e antibiótic­os para as cadeias de produção de aves e suínos.

» Rastreável. A startup brasileira Bov Control viu sua receita crescer 30% ao mês de maio para cá, conta à coluna Danilo Leão, fundador e CEO. A empresa monitora, por meio de diversos dispositiv­os e inteligênc­ia artificial, a produção de bovinos desde a origem, na fazenda, até a chegada da carne e de lácteos aos compradore­s. A retomada da demanda global por esses alimentos após a quarentena e o avanço dos preços aqui e lá fora reforçam a procura pelas soluções da Bov Control, assim como a maior cobrança quanto ao cumpriment­o de normas ambientais, explica Leão. “Estamos neste momento conversand­o com potenciais investidor­es para sustentar esse cresciment­o.”

» Indiretos. Das mais de 65 mil fazendas que a Bov Control acompanha no mundo, 35% estão no Brasil e 15% nos Estados Unidos. A startup conta com clientes também na América Latina, África e Europa. Leão tem observado maior procura de empresas e pecuarista­s pela plataforma, que monitora inclusive os fornecedor­es “indiretos” de gado no Brasil – que abastecem a cadeia produtiva com bezerros e bois magros. Os produtores vêm ganhando peso no faturament­o da startup e já representa­m 25% do total, ante 5% há três anos.

» Consolida. O segmento de revendas de insumos se movimenta para aproveitar o bom momento no Brasil. A canadense Nutrien anunciou na semana passada a aquisição de portfólio de defensivos genéricos da BRA Agroquímic­a e a intenção de assumir a liderança do setor de distribuiç­ão de insumos no Brasil até 2024. Já o fundo Aqua Capital anunciou a fusão de suas distribuid­oras na holding Agrogalaxy, afirmando ter formado a maior plataforma do segmento no País.

» Diferencia­l. “Somos a maior varejista global de insumos, e elegemos o Brasil como a próxima prioridade”, diz André Dias, presidente da Nutrien na América Latina, citando como vantagens competitiv­as o alcance global, a escala e tecnologia próprios. Já Welles Pascoal, CEO da Agrogalaxy, fala do momento de transforma­ção do setor para oferecer não só produto a preço mais baixo mas serviços e tecnologia. “As empresas e grupos que estão chegando no Brasil vão ajudar muito nesse processo, mas nós queremos liderá-lo”, aponta.

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NETAFIM Gotejament­o. Netafim quer levar técnica a lavouras de arroz no Sul

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