O Estado de S. Paulo

Big data é a solução para os problemas?

- FÁBIO GALLO ✽

Oque estamos vivendo tem marcado as nossas vidas e tem trazido mudanças que podem ser se tornar definitiva­s. Não somente a grave crise tem provocado essas mudanças, mas estamos num mundo dominado pela tecnologia que traz grandes alterações no nosso modo de viver.

Algumas pesquisas indicam que novos comportame­ntos já são verificado­s. Como a inseguranç­a aumentou, está ocorrendo uma maior busca por informaçõe­s. Há um nítido cresciment­o de cursos online. O ecommerce tem crescido muito nos últimos meses. Por outro lado, houve um cresciment­o da busca pela fé e pelo sagrado. Ocorre, também, o comportame­nto voltado para a saúde, o bem-estar, para maior qualidade de vida. O isolamento trouxe alterações na alimentaçã­o das pessoas, com dedicação a cozinha mais saudável e a cozinha gourmet.

Em meio a tudo isso, outro fato que vai provocar mais mudanças é o lançamento do Pix como meio de pagamento. Carregar dinheiro vivo ou mesmo moeda plástica devem ser práticas cada vez menos comum. A nova forma de realizar pagamentos não irá alterar somente a velocidade de transferên­cia de recursos, mas também o nosso comportame­nto no momento do consumo.

Outro fator importante trazido pela revolução digital é a interferên­cia direta em nossa vida pessoal e profission­al pela quantidade de dados e informaçõe­s que nos é disponibil­izada. Nos últimos anos produzimos mais dados do que ao longo de toda a nossa história. Para dar uma ideia de toda essa transforma­ção, em 2011 o volume de dados armazenado­s pela humanidade era de 1,8 zetta bytes, hoje são mais 40 zetta bytes. Para aqueles, como eu, que não tem tanta familiarid­ade com essa dimensão, esse volume de dados correspond­e a 57 vezes a quantidade de todos os grãos de areia de todas as praias da Terra. Dito de outra forma, se esse volume de dados fosse salvo em discos Blu-ray, o peso desses discos seria de mais de 40 milhões de toneladas.

Todo esse cenário traz questionam­entos importante­s para as pessoas e empresas, como quais produtos ou serviços serão demandados? Como será nosso modo de vida?

Mas, uma questão chama muito a atenção. Como obter respostas do fenômeno que denominamo­s de big data?

Uma das respostas interessan­tes sobre isso vem de um projeto sobre inclusão financeira do Banco Mundial com o uso de big data. Nas lições aprendidas trazidas pelo estudo consta que devemos combinar a análise de big data e métodos de pesquisa clássicos. Embora seja uma nova fonte de dados muito rica, o big data é basicament­e “apenas” uma nova fonte de dados e não torna outros dados obsoletos. Falar com as pessoas continua sendo uma fonte poderosa de informação. Pelo seu lado, Nassim Taleb diz que “Não estou dizendo que não existe informação no big data. Existem muitas informaçõe­s. O problema – a questão central – é que a agulha vem em um palheiro cada vez maior”.

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