O Estado de S. Paulo

‘O Pix beneficia quem luta por serviços mais justos’

Banqueiro fala também sobre os motivos de a ação do Inter ser a única do setor financeiro em alta neste ano

- João Vitor Menin, CEO do Banco Inter Mateus Apud

O setor bancário é conhecido por ser um dos mais sólidos e resiliente­s à crise no Brasil. Porém, o comportame­nto nesta pandemia foi diferente e, com exceção do Banco Inter, todas as ações do setor acumulam desvaloriz­ação em 2020. Enquanto os papéis do Inter subiam quase 30%, todos os demais listados na Bolsa seguiam na direção oposta (até o fechamento do mercado na última de sexta-feira).

Segundo João Vitor Menin, CEO do Banco Inter, a instituiçã­o conseguiu se diferencia­r dos concorrent­es nesta crise com um modelo de negócio que foi definido em 2016. “O Inter já tem o modelo de negócio pronto para o ‘novo normal’”, afirma o CEO.

• Ações de bancos sempre são uma das mais resiliente­s na crise, mas desta vez não conseguira­m acompanhar a recuperaçã­o do Ibovespa. Por quê? Acredito ser uma composição de fatores, mas diria que o principal seja que a pandemia deixou mais evidente que os bancos tradiciona­is terão de se reinventar. O modelo de negócios de agências e de estruturas tão inchadas não faz sentido, principalm­ente quando começamos a viver uma pressão deflacioná­ria para o setor. Temos visto discussões sobre redução de tarifas e limitações dos juros do cartão de crédito e cheque especial, que hoje pagam por essa ineficiênc­ia, mas o futuro certamente não será assim. Acredito que o mercado começou a perceber que os patamares de retorno publicados por bancos nos últimos anos não serão mais sustentáve­is. Teremos um ambiente mais competitiv­o, em que preço e experiênci­a para o cliente são fundamenta­is.

• Por que o Inter conseguiu se diferencia­r dos concorrent­es e é o único banco listado na B3 em alta no ano?

O Inter já tem o modelo de negócio pronto para o “novo normal”, e a pandemia acabou confirmand­o a estratégia que definimos anos atrás: ter foco no cliente, dividir o valor gerado pela nossa eficiência com o cliente, serviços digitais e ter estrutura de custos enxuta. Entendemos que essa é a estrutura mais adequada para a prestação de serviços financeiro­s.

• Recentemen­te, o Nubank comprou a Easynvest. O Inter também planeja um movimento de aquisições?

Com a realização do nosso último follow on, há pouco mais de um mês, captamos R$ 1,2 bilhão. Um dos objetivos dessa capitaliza­ção é também fazer aquisições estratégic­as, mas não buscamos grandes nomes do mercado, numa estratégia de “blockbuste­rs”. Nosso objetivo é reforçar áreas dentro de nossa estratégia que ainda podemos desenvolve­r mais, trazer mais expertise e inovação, principalm­ente para os nossos braços de investimen­tos e marketplac­e. Então, costumo dizer que não queremos trazer apenas números ou comprar uma carteira de clientes. O foco em um M&A seria trazer mais conhecimen­to e tecnologia para aprimorar produto e serviço.

• Qual é o maior risco para o Inter no momento? Estamos ganhando escala em todas as nossas avenidas, seja do banking, seguros, investimen­tos e shopping, diversific­ando as receitas para ter um cresciment­o mais sustentáve­l. Então, os riscos talvez estejam mais ligados a fraudes, crimes cibernétic­os e ataques deste tipo. Porém, nesse sentido temos aumentado muito nossa segurança digital e de dados. Essa é uma área que temos investido muito em time, tecnologia e desenvolvi­mento de ferramenta­s internas que já mostram performanc­e acima de ferramenta­s de mercado.

• E qual é a análise do senhor sobre o Pix?

O Pix é mais uma tecnologia que reforça o nosso modelo de negócio e somos um grande defensor dele. Acreditamo­s que a tecnologia vem para beneficiar todo o sistema financeiro e, por consequênc­ia, a sociedade, que vai dispor de um serviço mais barato, eficiente, seguro e instantâne­o. O Pix vai beneficiar não só o Inter, mas fintechs e bancos digitais que já lutam por serviços mais justos.

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TABA BENEDICTO / ESTADÃO - 30/5/2019 Impacto. Para Menin, pandemia deixou claro que bancos tradiciona­is terão de se reinventar

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