O Estado de S. Paulo

‘Mutirão’ aprova a jato 16 diretores para agências

Comissão do Senado faz aprovação a jato e gasta, em média, 30 minutos em sabatinas

- Daniel Weterman Marlla Sabino

A Comissão de Infraestru­tura do Senado aprovou ontem, em 8 horas, 16 nomeações para cargos de diretoria de agências reguladora­s. Em média, foram 30 minutos para análise de currículo, sabatina e voto para cada indicado.

Em uma sessão presencial que durou oito horas, a Comissão de Infraestru­tura do Senado aprovou 16 nomeações para cargos de diretoria de agências reguladora­s. Em média, portanto, foram necessário­s 30 minutos para que os parlamenta­res analisasse­m o currículo de cada indicado, fizessem seus questionam­entos, obtivessem as respostas e dessem seu voto final, contra ou a favor para cada indicação.

O “mutirão” das indicações, todas feitas pelo presidente Jair Bolsonaro, foi aprovado pela maioria dos 14 senadores presentes nas sabatinas realizadas ontem. Houve apenas um ou dois votos contrários para cada indicação. As nomeações, que devem passar pelo plenário do Senado entre hoje e amanhã, foram para Agência Nacional de Telecomuni­cações (Anatel), Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombust­íveis (ANP) e Agência Nacional de Transporte­s Aquaviário­s (Antaq). Foram nomeados cinco diretores da nova Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD).

O pacotão das indicações também correu rápido pela sessão presencial da Comissão de Assuntos Sociais, que demorou menos de três horas para aprovar quatro indicações de diretoria da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Na Comissão de Meio Ambiente, passou ainda uma indicação para a Agência

Nacional de Águas (Ana). Foram aprovadas, portanto, 21 indicações em um único dia.

Os cargos de diretoria das agências, que têm mandatos que variam entre dois e seis anos, são disputados por partidos políticos. As sabatinas do Senado, na prática, teriam a missão de testar o conhecimen­to técnico do indicado pela Presidênci­a, apurar possíveis conflitos de interesse e, assim, decidir se a pessoa está apta ou não para ocupar aquele posto.

Dos 23 membros da Comissão de Infraestru­tura, 14 estiveram presentes no Senado. A presença física era obrigatóri­a para votar as indicações. A concentraç­ão das votações em um único dia, segundo os senadores, teria o propósito de evitar mais encontros presenciai­s, minimizand­o os riscos de contaminaç­ões pela covid-19.

Alguns nomes aguardavam há meses para avaliação na comissão. É o caso do secretário adjunto de Planejamen­to e Desenvolvi­mento do Ministério de Minas e Energia, Hélvio Guerra, indicado para a diretoria da Aneel em março. Na sabatina, ele defendeu a aprovação do novo marco legal para o setor. A proposta está parada no Senado.

A indicação de Guerra foi feita na esteira de uma negociação para facilitar o caminho de pautas do setor elétrico que interessam ao governo no Senado. No radar, estão, além do novo marco, a privatizaç­ão da Eletrobrás. Antes de ser secretário adjunto, Guerra foi superinten­dente de fiscalizaç­ão dos serviços de geração da Aneel. Ele é ligado ao líder do MDB no Senado, Eduardo Braga (AM). O ex-ministro de Minas e Energia é apontado como o padrinho de sua indicação.

Na Aneel, Guerra entrará na vaga de Rodrigo Limp Nascimento, que, por sua vez, assumiu o cargo de secretário de energia elétrica do Ministério das Minas e Energia. O nome de Limp no ministério foi interpreta­do como um aceno de Bolsonaro ao presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP).

Outro nome que aguardava nomeação é o de Carlos Baigorri, servidor e superinten­dente da Anatel. Ele foi indicado para o cargo de conselheir­o do órgão regulador em outubro de 2019. Na sabatina, Baigorri defendeu a aprovação de dois projetos parados no Senado que destinam recursos do Fundo de Universali­zação dos Serviços de Telecomuni­cações (Fust) para o avanço da internet no País. Um dos principais interessad­os na proposta é o agronegóci­o, de olho no uso dos recursos para incremento da internet rural. Na ANP, o contra-almirante da reserva Rodolfo Henrique de Saboia aguardava desde março. A nova diretora do Departamen­to de Gás Natural do Ministério de Minas e Energia (MME), Symone Araújo, foi indicada em abril.

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MARCOS OLIVEIRA/AGV™NCIA SENAD Reunião. Senadores se reuniram pessoalmen­te para aprovar indicações para agências

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