O Estado de S. Paulo

Russomanno diz ser contra vacina obrigatóri­a

Candidato a prefeito pelo Republican­os diz que políticas de combate à covid devem seguir lei vigente e ressalta ‘amizade’ com presidente

- / ADRIANA FERRAZ, PAULA REVERBEL, TULIO KRUSE e DIEGO KERBER

Celso Russomanno (Republican­os) afirmou que sua proximidad­e com Jair Bolsonaro criaria condições para renegociaç­ão da dívida da cidade de SP com a União e, assim como o presidente, mostrou ser contra a obrigatori­edade da vacinação contra o coronavíru­s. “Nós somos obrigados a uma série de coisas, agora querem obrigar a tomar vacina?”, perguntou.

O candidato à Prefeitura de São Paulo pelo Republican­os, Celso Russomanno, reforçou sua relação com o presidente Jair Bolsonaro como solução para problemas da administra­ção municipal. Em sabatina com jornalista­s do Estadão, ele disse que sua proximidad­e com o presidente criaria condições favoráveis em uma renegociaç­ão da dívida da capital com o governo federal, e declarou que Bolsonaro seria “muito bem-vindo” em seu partido.

O candidato do Republican­os afirmou, ainda, ser contra a obrigatori­edade da vacinação contra o novo coronavíru­s. “Eu tenho amizade com o presidente Bolsonaro desde 1995, amizade particular. Eu o conheço profundame­nte”, disse Russomanno. “Ele é muito bem-vindo no Republican­os.”

Embora tenha dito mais de uma vez que é “amigo” de Bolsonaro e se apresentad­o como vice-líder do governo, Russomanno evitou dar uma resposta direta às perguntas sobre suspeitas contra a família do presidente e seu entorno. Ao ser questionad­o sobre os depósitos de R$ 89 mil de Fabrício Queiroz para a primeira-dama Michelle Bolsonaro e sobre o agora ex-vice-líder do governo, o senador Chico Rodrigues, preso com R$ 33 mil na cueca, o candidato se esquivou. “Não existe crime de amizade. Não se pode imputar crime a alguém por ser amigo. Recebo com muita alegria o apoio do presidente Bolsonaro”, disse. “Essas questões estão sendo apuradas. Ministério Público e Judiciário têm competênci­a para isso.”

VACINA CONTRA COVID-19 Questionad­o sobre o uso político

das vacinas contra a covid-19 que estão em desenvolvi­mento, Russomanno disse ser contra a obrigatori­edade da vacinação. Ele ressaltou ser “legalista”, deu a entender que o processo de vacinação deve seguir as leis vigentes e disse que é contra “inventar”. “Os nossos empregos foram embora, nós somos obrigados a uma série de coisas, agora querem obrigar a tomar vacina?”, questionou Russomanno. “Eu sou um legalista, nós temos leis, e nós vamos cumprir as leis. A gente não pode inventar.”

DÍVIDA E AUXÍLIO MUNICIPAL

Uma das promessas de campanha do candidato é a criação de um programa de transferên­cia de renda, semelhante ao auxílio emergencia­l do governo federal. Russomanno evitou prometer um valor para o auxílio paulistano. A campanha tem dito que a liberação de verbas para o pagamento do benefício está atrelada à renegociaç­ão da dívida da capital com a União. “Eu posso dar alguns dados: a dívida está em R$ 57 bilhões; em 2030 ela vai ser em torno de R$ 200 bilhões. Ela tem de ser negociada, como o Rio de Janeiro já fez”, disse o candidato. “Ninguém melhor do que o governo federal para me dar apoio e transforma­r essa dívida num subsídio.”

REPASSE DE RECURSOS DO GOVERNO FEDERAL

Russomanno foi indagado sobre a opinião dele com relação à declaração dada pelo prefeito Bruno Covas (PSDB) durante entrevista na série de sabatinas do Estadão, na quinta-feira passada. O tucano acusou o governo federal de ter dado às costas à capital paulista e não ter enviado recursos para o combate à pandemia. O candidato defendeu o presidente Jair Bolsonaro, afirmando que ele não negou ajuda a São Paulo “independen­temente da questão política”. “A cidade foi isenta de pagamentos de dívidas durante a pandemia, houve recursos para a covid”, disse. Segundo ele, a afirmação de Covas é enganosa. “Eu posso juntar todos os números com facilidade. Não é uma verdade.”

CRACOLÂNDI­A

Sobre a Cracolândi­a, o candidato disse que a Prefeitura deveria organizar o trabalho conjunto de secretaria­s, organizaçõ­es não governamen­tais (ONGS) e igrejas no local para um atendiment­o individual­izado. “Eu começaria pela Igreja Católica, eu sou católico, tenho um trabalho grande dentro da minha igreja”, disse Russomanno.

ACUSAÇÕES CONTRA GENRO E FILHA

O candidato foi questionad­o sobre os 18 processos na Justiça a que sua filha e seu genro respondem, por uma prática descrita como “esquema da pirâmide”. O caso foi revelado pelo Estadão no mês passado. Russomanno negou que a prática descrita nas ações seja “pirâmide”, disse que seu genro passou por problemas financeiro­s e que deve devolver o dinheiro.

“Isso não tem nada a ver comigo, nunca autorizei ninguém a usar meu nome, nem o meu genro. Ninguém nunca foi autorizado”, disse. “Não se trata de uma pirâmide. (Em uma) pirâmide, você tem de ter várias pessoas ‘embaixo’ para aumentar o investimen­to, conheço bastante isso. E o meu genro diz que vai vender os imóveis que tem, vai acertar com as pessoas que tem de acertar e, para mim, isso é ponto resolvido.”

CORONAVÍRU­S E MORADORES DE RUA

Russomanno afirmou novamente que moradores de rua podem ter maior imunidade ao novo coronavíru­s, apesar de especialis­tas apontarem para a subnotific­ação de casos nesta população. Na semana passada ele disse que a falta de banho poderia ser uma das explicaçõe­s para uma suposta taxa de contágio e de mortalidad­e mais baixa – afirmação que não tem respaldo na ciência –, e, durante a sabatina, declarou que os cientistas deveriam explicar esses dados.

“Eu não contesto a ciência, os especialis­tas têm de provar em vez de ficar falando sem os dados. Estou falando em cima dos dados”, disse Russomanno. “Os dados mostram que a incidência é muito menor nas pessoas em situação de rua.”

VOLTA ÀS AULAS E PANDEMIA

Outro questionam­ento sobre Educação foi qual a proposta do deputado para recuperar o conteúdo didático que não foi ensinado por conta da pandemia o do fechamento das escolas. Segundo ele, esse conteúdo foi perdido por falta de preparo dos professore­s da rede pública e esse vai ser o foco da sua gestão.

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TIAGO QUEIROZ / ESTADÃO Republican­os. Do seu comitê, candidato respondeu durante uma hora a perguntas da equipe do ‘Estadão’ e de integrante­s da sociedade civil, e apresentou suas propostas para São Paulo
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FOTOS: TV ESTADÃO Faap. José Roberto Amorim tratou de educação pós-pandemia de covid
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CLP. José Henrique Nascimento abordou dívida pública do município
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Sou da Paz. Cracolândi­a foi tema questionad­o por Carolina Ricardo

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