País começa em novembro a produzir a opção russa
Fundo diz que pretende oferecer 1,2 bilhão de doses no mundo, 200 milhões somente na América Latina
O Brasil começará a produzir em larga escala, já na segunda quinzena de novembro, doses da vacina russa contra a covid19, a Sputnik V. O anúncio foi feito ontem por cientistas e autoridades russas e a informação foi confirmada pela farmacêutica União Química, responsável pela produção no País.
Em setembro, técnicos brasileiros estiveram no Instituto Gamaleya. Agora, eles aguardam a liberação da Anvisa e a chegada de especialistas russos para acompanhar a primeira partida do imunizante. O presidente da União Química, Fernando de Castro Marques, acredita que parte da produção esteja disponível para a população em janeiro. “Faltam algumas etapas legais a serem cumpridas, como a aprovação da Anvisa, mas estamos fazendo todo o esforço para resolver tudo no menor espaço de tempo possível”, explicou Marques.
Segundo ele, a União produzirá vacinas também para outros países da América Latina, de acordo com o contrato firmado com os russos. A farmacêutica não informou, no entanto, quantas doses pretende produzir nem quanto cobrará. “Não sabemos o preço, mas será algo acessível, nada absurdo.”
O governo do Paraná também firmou acordo para a produção da vacina, com transferência de tecnologia. Ainda não se sabe se o governo federal fará contrato com a Rússia – Índia, Coreia do Sul e China são outros três países que vão produzir o imunizante russo.
O diretor do Fundo Russo de Investimento Direto, Kirill Dmitriev, contou em entrevista pela manhã que a Rússia pretende produzir 1,2 bilhão de doses. Dessas, 200 milhões serão somente para a América Latina. “Vamos apresentar os resultados da fase 3 aos órgãos de controle de cada país com os quais firmamos acordo”, explicou Dmitriev. “A velocidade com a qual esses acordos serão aprovados depende de cada órgão, mas queremos iniciar a distribuição em dezembro.” O governo da Bahia já anunciou a compra de 50 milhões de doses.
No início de setembro, os primeiros resultados das fases 1 e 2 de ensaios clínicos foram publicados na The Lancet. O trabalho mostrou que a vacina é capaz de induzir resposta imune e é segura. Diretor do Instituto Gamaleya, Denis Logunov voltou a assegurar que os principais efeitos adversos reportados até agora nesta terceira fase de análises foram febre, dor no local da injeção e mal-estar leve. Ainda segundo Logunov, a capacidade da vacina de induzir a produção de anticorpos seria de 100%. E a imunidade perduraria por até dois anos.
A vacina russa consiste em duas doses aplicadas com um intervalo de 21 dias. Ela é produzida com o uso de dois adenovírus como vetores para material genético do vírus. Procurada, a Anvisa informou que não recebeu nenhum pedido de registro para a vacina russa.
“Tenho esperança de que em janeiro já haja algo disponível, sim; não será ainda uma grande produção, mas parte da vacina.”
Fernando de Castro Marques
PRESIDENTE DA UNIÃO QUÍMICA