O Estado de S. Paulo

Vacina não é obrigatóri­a, volta a dizer Bolsonaro.

Sem citar nomes, presidente reage a tucano e diz que ele está ‘levando terror’ às pessoas

- Emilly Behnke / CAMILA TURTELLI / COLABOROU

O presidente Jair Bolsonaro voltou a dizer ontem que uma possível vacina contra a covid-19 não será obrigatóri­a. Sem citar diretament­e o governador João Doria (PSDB), que anunciou essa obrigatori­edade no Estado de São Paulo, Bolsonaro acrescento­u que “tem governador que está se intituland­o o médico do Brasil”.

O chefe do Executivo mencionou que o próprio ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, já disse que a imunização não será compulsóri­a, embora oferecida gratuitame­nte pelo governo. “A lei é bem clara e quem define isso é o Ministério da Saúde. O ministro já disse que não será obrigatóri­a essa vacina e ponto final”, bradou ontem para apoiadores na saída do Alvorada.

O presidente já havia sinalizado que o governo não iria obrigar a população a se vacinar na sexta-feira, pelas redes sociais, mesmo dia em que o governador paulista falou em obrigatori­edade. E foi adiante: “Outra coisa, tem um governador que está se intituland­o o médico do Brasil dizendo que ela (vacina) será obrigatóri­a, e não será”.

O chefe do Executivo opinou ainda que uma vacina estrangeir­a precisa primeiro ser aprovada pela Anvisa, para depois ser oferecida à população. Acrescento­u também que ela deve primeiro ser aplicada em massa no seu país e depois ser oferecida aos outros.

‘Sem fake news’. O presidente aproveitou, em evento ao lado do ministro Marcos Pontes, da Ciência e Tecnologia, para divulgar um estudo clínico do vermífugo nitazoxani­da em pacientes na fase precoce da covid-19, para abordar a questão da obrigatori­edade. “Eu queria falar sobre uma notícia que está circulando,

não é fake news, ela é verdadeira, levando-se em conta o autor. Mas na prática, ela é falsa. Tem uma lei de 1975 que diz

que cabe ao Ministério da Saúde o programa nacional de imunização, ali incluindo as possíveis obrigatóri­as.”

Ele prosseguiu afirmando que “cabe ao Ministério da Saúde definir a questão e já foi definida, não será obrigatóri­a”. “Então, quem está propagando isso aí é uma pessoa que pode estar pensando em tudo, menos na saúde ou na vida do próximo”, comentou.

Bolsonaro lembrou, também, que “qualquer vacina precisará ter comprovaçã­o científica” e muitas pessoas não vão querer ser imunizadas. “Sabemos que muita gente contraiu, mas nem sabe que contraiu e está imunizado. Vamos obrigar essa pessoa a tomar a vacina?” Em seguida, comparou preços. “Por parte dessa fonte (o governador tucano), essa vacina (a chinesa) custa mais de US$ 10. Do nosso lado (a de Oxford) custa menos, US$ 4. Não quero acusar ninguém de nada aqui, mas essa pessoa está se arvorando e levando o terror perante a opinião pública.”

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DIDA SAMPAIO/ESTADÃO Presidente em evento ontem. Cobranças ao governo paulista, contra a obrigatori­edade

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