Robinho desiste de procurar clube
Atacante sabe que nenhuma equipe iria contratá-lo e vai priorizar o julgamento do recurso contra a condenação por estupro
O atacante Robinho está com a carreira paralisada até o dia 10 de dezembro. O jogador de 36 anos vai aguardar a audiência no Tribunal de Apelação de Milão, que analisa o recurso dos seus advogados contra a condenação a nove anos de prisão, em primeira instância, por participação em um estupro coletivo na Itália, para conversar com clubes que eventualmente se interessem por sua contratação e definir seu futuro no futebol. O jogador nega as acusações.
Neste momento, dificilmente algum clube brasileiro da elite abriria conversações com o jogador depois da suspensão do contrato com o Santos. Após a enorme repercussão negativa de sua contratação, com quebra de contrato de patrocinadores e protestos dos torcedores nas redes sociais, o atacante tem mercado restrito. O que está em xeque é a própria continuidade de sua carreira e os desdobramentos da decisão da Justiça italiana sobre seu futuro.
Após defender o Istanbul Basaksehir, da Turquia, até agosto deste ano, Robinho estava livre no mercado. O retorno para a quarta passagem pelo Santos parecia encaminhar um final de carreira tranquilo, no clube que o projetou. Seria uma tentativa de resgatar o bom futebol que mostrou no Atlético-mg antes de passagem com altos e baixos no futebol turco. As portas, no entanto, foram fechadas.
Pessoas ligadas à diretoria afirmam que dificilmente o jogador voltará, mesmo em caso de absolvição nos tribunais italianos. O desafio do jogador agora é esse: reverter a condenação em primeira instância.
Uma das estratégias é a possibilidade de o atacante se apresentar pessoalmente ao Tribunal de Apelação de Milão. Pela lei italiana, a ausência física não pode ser interpretada como admissão de culpa. Por isso, Robinho não participou do primeiro julgamento, em 2017, quando foi representado pelos antigos advogados. A presença (se confirmada) está inserida na estratégia da defesa de destacar a cooperação com a Justiça italiana.
“Robinho nunca se esquivou das investigações, como evidenciado pelo fato de ter se apresentado ao Ministério Público e proferido as suas declarações, apesar de a lei italiana lhe reconhecer o direito de permanecer calado”, diz nota dos advogados italianos Alexander Guttieres e Franco Moretti, que assumiram o caso após derrota em primeira instância.
A advogada brasileira do jogador, Marisa Alija, preferiu não se manifestar. Ao Estadão, ela afirma que “os julgamentos devem ser realizados nos tribunais e não na mídia, o que nunca traz vantagens para a justiça”.
O advogado criminalista Felipe Almeida, especialista em Processo
Penal, pós-graduado em Direito Penal Econômico e Europeu, explica que Robinho não corre risco de ser preso se desembarcar em solo italiano.
“Em relação à justiça penal, tanto no Brasil como na Itália, o jogador será considerado inocente até o último recurso cabível contra a sentença condenatória. Segundo o princípio da presunção de inocência, só ao final do processo, com sentença condenatória definitiva (com o trânsito em julgado), ele será considerado culpado”. Outros especialistas, porém, entendem que ele pode ter uma prisão preventiva decretada se a Justiça italiana entender que oferece algum risco para a sociedade ou ordem pública estando livre na Itália.
Na semana passada, o site globoesporte.com revelou detalhes da condenação. Interceptações telefônicas realizadas com autorização judicial mostraram envolvimento de Robinho no ato que levou uma jovem albanesa, então com 23 anos, a denunciar um estupro coletivo. Segundo a investigação, em 22 de janeiro de 2013, quandoeledefendia o Milan, o jogador e outros cinco amigos, incluindo Ricardo Falco, também condenado, levaram a mulher ao camarim da boate Sio Café, onde ocorreram os abusos.
Ao UOL, o jogador disse que seu único arrependimento foi ter sido infiel à sua mulher. “Eu me arrependo de ter traído a minha esposa. Este é o meu arrependimento”, disse o jogador, afirmando que tudo o que aconteceu na boate foi consensual.
MELHOR CAMINHO
ADVOGADA DE ROBINHO
‘Os julgamentos devem ser realizados nos tribunais e não na mídia, o que nunca traz vantagens para a justiça”