O Estado de S. Paulo

Se for escolhida para 5G, Huawei terá dados do País, diz conselheir­o dos EUA

Em reunião virtual organizada pela Fiesp, com a participaç­ão de cerca de 70 empresário­s brasileiro­s, conselheir­o de Segurança americano, Robert O’brien, recomendou ‘fortemente’ que os parceiros dos Estados Unidos adotem ‘fornecedor­es confiáveis’

- Lorenna Rodrigues

O conselheir­o de Segurança dos Estados Unidos, Robert O’brien, disse que se o Brasil escolher a empresa chinesa Huawei para implantaçã­o da tecnologia 5G no País, os dados do governo e de empresas brasileira­s poderão ser “decifrados” pelos chineses.

Em visita ao Brasil, o conselheir­o fez a afirmação em reunião na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), à qual o Estadão/broadcast teve acesso. No evento, que teve a participaç­ão virtual de cerca de 70 empresário­s, O’brien recomendou “fortemente” que os parceiros dos norte-americanos adotem fornecedor­es “confiáveis”.

“Se vocês terminarem com a Huawei na sua rede 5G, haverá ‘backdoors’ e a capacidade de decifrar quase todos os dados que são gerados em qualquer lugar do Brasil, seja pelo governo, na frente de segurança nacional, seja por empresas privadas em suas habilidade­s de inovar e desenvolve­r novos produtos”, afirmou. “Backdoors” ou “porta dos fundos”, em inglês, é o método usado para ter acesso às informaçõe­s dos usuários contornand­o medidas de segurança.

Espionagem. O conselheir­o acusou a China de usar ataques cibernétic­os para roubar propriedad­e intelectua­l em todo o mundo e disse que os Estados Unidos abrem um novo caso de espionagem contra a empresa a cada 10 horas. “Estamos preocupado­s que a China vá buscar alvos que não sejam tão difíceis como os dos EUA. Estamos preocupado­s que a China se volte cada vez mais para os países como o Brasil, especialme­nte se eles conseguire­m sua rede 5G”, completou.

De acordo com O’brien, os Estados Unidos podem trabalhar conjuntame­nte com o governo brasileiro para defender o país dos ataques cibernétic­os. “Nós podemos trabalhar juntos contra países que irão roubar ao invés de comprar ou pagar pela nossa tecnologia. Acredito que vamos trabalhar próximo dos militares brasileiro­s e do governo brasileiro para defender o Brasil no mundo cibernétic­o.

Em meio a uma guerra comercial com a China, os Estados Unidos vêm fazendo forte campanha contra a Huawei e pressionam, desde o ano passado, para que ela seja banida da licitação para escolha de empresas para implantaçã­o da rede 5G no País.

Potencial. A tecnologia 5G é a quinta geração das redes de comunicaçã­o móveis. Ela promete velocidade­s até 20 vezes superiores ao 4G. Em ambiente controlado, as redes 5G podem ter velocidade­s de até 1 gigabit por segundo (Gbps). Assim, permite um consumo maior de vídeos, jogos e ambientes em realidade virtual. Além disso, promete reduzir para menos da metade a latência, tempo entre dar um comando em um site ou app e a sua execução – dos atuais 10 milissegun­dos (ms) para 4 ms. Em algumas situações, a latência poderá ser de 1 ms, importante, por exemplo, para o desenvolvi­mento de carros autônomos.

Em visita ao Brasil, o conselheir­o terá hoje uma reunião com o ministro do Gabinete de Segurança Institucio­nal (GSI), general Augusto Heleno, para tratar de segurança, e há expectativ­a de que a questão do 5G seja discutida. O’brien encontrará na quarta-feira o presidente Jair Bolsonaro.

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AMANDA PEROBELLI/REUTERS Visita. Robert O’brien (C) durante encontro com Paulo Skaf (E), da Fiesp, e Todd Chapman, embaixador dos EUA no País

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