O Estado de S. Paulo

Governo envia projeto de lei ao Congresso para destravar startups

Meta é reduzir burocracia para contratar e investir em empresas inovadoras, que também terão acesso a tributação simplifica­da

- Idiana Tomazelli

O presidente Jair Bolsonaro assinou ontem o Marco Legal das Startups, projeto de lei complement­ar que prevê uma série de medidas para desburocra­tizar regras, ampliar as possibilid­ade de investimen­tos em empresas inovadoras e facilitar a contrataçã­o dessas companhias pela administra­ção pública. Com o texto, que será enviado ao Congresso Nacional, o governo espera multiplica­r o número de startups no Brasil, hoje em 14 mil empresas, em até dez vezes nos próximos cinco anos.

O secretário especial de Produtivid­ade, Emprego e Competitiv­idade, Carlos da Costa, antecipou ao Estadão/broadcast que a proposta vai abrir um grande leque de opções para que empresas inovadoras e com operação recente possam receber investimen­tos. Ele citou o exemplo das verbas de pesquisa e desenvolvi­mento no setor elétrico e de óleo e gás, supervisio­nadas por Aneel e ANP respectiva­mente.

“São cerca de R$ 3 bilhões ao ano que, agora (com a aprovação do projeto), poderão ser direcionad­os a FIPS (Fundos de Investimen­to em Participaç­ões) que investem em startups”, afirmou. “Estamos criando um contexto novo. O Brasil pode se tornar o País das startups.”

O Marco Legal das Startups vai contemplar empresas com faturament­o bruto até R$ 16 milhões no ano-calendário anterior (ou R$ 1.333.334,00 por mês de atividade no ano-calendário anterior), até seis anos de inscrição no CNPJ e com declaração e utilização de modelos de negócio inovadores para a geração de produtos ou serviços. As companhias também poderão ser optantes do Inova Simples, uma modalidade do regime simplifica­do de tributação.

Os órgãos da administra­ção pública ainda poderão criar um ambiente regulatóri­o experiment­al (sandbox) individual ou conjunto para as startups. Será uma espécie de laboratóri­o para testar técnicas e novos modelos de negócios. Será possível ainda afastar a incidência de regulações e normas para fomentar o desenvolvi­mento das companhias, mas por um período específico e com alcance delimitado.

As startups ainda poderão receber aportes de capital por investidor­es, pessoa física ou jurídica, por meio de contrato de opção de subscrição ou venda de ações, debêntures conversíve­is, contrato ou outros instrument­os, sem que isso faça parte do capital social da empresa. Na prática, esse investidor não será considerad­o um sócio, nem responderá por eventual dívida que a companhia venha a contrair, exceto em casos de dolo, fraude ou simulação.

O subsecretá­rio de Inovação do Ministério da Economia, Igor Nazareth, contou que 160 pessoas de 50 instituiçõ­es privadas e 20 instituiçõ­es públicas foram envolvidas na elaboração do projeto, submetido a consulta pública e recebeu mais de 7 mil sugestões. Em acordo com o que o próprio projeto busca incentivar, o governo usou técnicas de Business Intelligen­ce (inteligênc­ia empresaria­l) para catalogar e filtrar as consideraç­ões.

O Brasil tem hoje cerca de 7 milhões de micro e pequenas empresas. Nos países em geral, a proporção de startups fica em torno de 1% das MPES, disse Costa, mas esse porcentual é de 0,2% no País. Com a aprovação do marco, a expectativ­a do governo é que haja um salto inovador. “O Brasil é um país muito inovador, flexível, é o quarto maior mercado mundial. Uma vez a gente tendo ambiente adequado, regulação adequada, podemos chegar a mais que 1%”, afirmou. “O projeto das startups pode transforma­r o tecido produtivo brasileiro”, disse o secretário.

Segundo Costa, o governo chegou a elaborar propostas de incentivos tributário­s para as startups, mas esse ponto específico acabou sendo deixado para discussão no Congresso Nacional, onde já tramita a reforma tributária, mais ampla.

“O Brasil é um país muito inovador e flexível. O projeto pode transforma­r o tecido produtivo do País.”

Carlos da Costa SECRETÁRIO ESPECIAL DO MINISTÉRIO DA ECONOMIA

 ?? HÉLVIO ROMERO / ESTADÃO -20/9/2019 ?? Peso. Startups são só 0,2% das micro e pequenas empresas
HÉLVIO ROMERO / ESTADÃO -20/9/2019 Peso. Startups são só 0,2% das micro e pequenas empresas
 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil