Seleção.
Recrutamento usa ainda vídeos, chatbots e outras tecnologias para ser mais assertivo
Games, chatbots e até playlists são recursos usados por empresas.
Assim como o mercado de trabalho, os processos seletivos estão em franca transformação: games, chatbots (conversas com a ajuda de robôs), vídeos e até playlists já são usados pelas empresas na hora de selecionar novos profissionais.
O Centro de Integração Empresa-escola (CIEE) foi uma das plataformas que optaram por um processo com o uso de games, pensando em um padrão para os candidatos e facilitando o recrutamento das empresas. Tatiana Silva, analista de Recrutamento e Seleção do CIEE, explica que tudo acontece por meio do aplicativo CIEE One, onde os candidatos possuem “missões” que vão construindo o currículo de acordo com as respostas. “No aplicativo há uma série de testes comportamentais, de lógica, de português, de inglês.” Para ela, o recrutador tem um ganho, pois recebe as informações de que precisa. “Às vezes, em um currículo, o candidato fala sobre soft skills, mas é uma perspectiva dele. O app traz o resultado de forma mais fiel.”
A gamificação também pode entrar em outras partes do processo, como nas dinâmicas. É o caso do “serious game” produzido pela Expansão, um jogo construído para o trabalho em equipe. Marcelo Eira, CEO da Expansão, explica que o jogo é feito com o objetivo de realizar uma análise comportamental dos candidatos. “Colocamos as pessoas num cenário lúdico. Durante o jogo, elas vão passar por desafios enquanto alguém da empresa estará observando.”
Para especialistas, o uso de programas com análise de dados ajuda recrutadores a terem um retrato mais fiel do candidato. “Às vezes, o candidato diz que sabe trabalhar em equipe, mas não é possível analisar se é verdade ou não”, diz Eira.
Outra forma de inovação que ganhou força com a pandemia foram os chatbots. Fábio Passerini, sócio-diretor da Fugativa, empresa de escape games, usa a ferramenta em triagem de conhecimento de idiomas e também para entender a reação do indivíduo a situações.
A Natura é uma das empresas que desde 2018 utiliza bots em seus processos. “Com o bot você tem uma interação muito mais prática”, explica Mariana Talarico, diretora de cultura e desenvolvimento da Natura & Co para a América Latina. Para ela, a tecnologia é aliada no acesso às pessoas, o que ajuda a trazer diversidade. “A pessoa consegue se inscrever em qualquer horário, de qualquer lugar.”
Playlist. Outra empresa que fez processo inovador na pandemia foi a Deezer. De qualquer curso superior, os candidatos tinham de criar e engajar uma playlist com 30 faixas. “O mais bacana desse processo é que antes de a gente ver currículo, curso ou rosto, a gente ouviu a playlist. As pessoas foram selecionadas no escuro. É a forma mais justa”, frisa Polyana Ferrari, gerente de PR da Deezer. “Era mais válido o envolvimento da pessoa com a música. Já entra (na empresa) uma pessoa com fit cultural.”
Quando chegaram aos 30 finalistas, os recrutadores da Deezer pediram uma apresentação em vídeo e também que uma terceira pessoa, conhecida do candidato, falasse por que ele deveria ganhar a vaga.
Raquel Oliveira, a estagiária selecionada, relata que sempre quis trabalhar com música e que, na atual graduação de Estudos de Mídia, na Universidade Federal Fluminense (UFF), sempre realizava trabalhos voltados para essa indústria. “O mais legal (do processo) era que eu sentia que minha playlist e meus vídeos tinham mais a ver que o currículo em si.”
Ela diz que pensou em uma playlist que dialogasse com a pandemia, mas que tivesse diversidade e contasse uma história. “Minha playlist era sobre álcool, pensando na pandemia. Fiz uma brincadeira em que a pessoa bebeu, começou a ficar mal e terminou na reabilitação.”
Outro formato que também ganhou corpo na pandemia foram os vídeos de 30 segundos do Peixe 30, lançado na pandemia como rede social profissional e inspirado no Tik Tok.
William Valadão, fundador do Peixe 30, explica que o candidato pode seguir e ser seguido por profissionais e que dentro do aplicativo há duas áreas: onde o candidato se apresenta e pode subir o currículo e onde posta seus conteúdos, além de poder interagir. “Acredito fortemente que isso (uso de vídeo) vai ser cada vez mais natural."