Vacinas: somar e não dividir
Estamos sendo tomados, nesta última semana, por informações desencontradas e tantas outras mentirosas e até levianas das prováveis vacinas para covid-19. O que está por trás da verdade? Existe muita munição política para atacar candidato A contra candidato B nas eleições municipais, sobretudo nas grandes capitais brasileiras. Ainda existem os famosos movimentos antivacina que apregoam que elas só irão trazer malefícios e efeitos adversos severos. Outro absurdo!!!
As vacinas, tanto as que já são contempladas em nosso Programa Nacional de Imunização (PNI) quanto as que estão em testes para covid19, apresentam efeitos leves tais como: dor no local de aplicação, uma febre baixa por não mais que 48 horas e, quando muito, uma mialgia mais intensa e passageira. Quadros severos e até de óbito podem existir, como em qualquer situação, mas são insignificantes do ponto de vista estatístico.
Existe grande ansiedade mundial para que já se possa ter a vacina e fazer aplicação em massa para a população. Não é assim que funciona. Nesta fase 3, que avalia eficácia e segurança, inúmeros pontos têm de ser vistos para uma análise crítica, para então serem passados os dados ao nosso órgão regulatório, no caso a Anvisa. Neste ponto tem de haver tempo para que julguem todas as informações e, também, que seja enviado para publicação científica, para que a comunidade médica possa tomar ciência dos números encontrados e, assim definir suas estratégias.
Após finalizar todos esses prazos é preciso definir os grupos prioritários para fazer uso da vacina. Aqui há outra situação complexa e que deve ser bem pensada e conduzida com maestria. E ainda faltam inúmeros detalhes, como avaliar a chegada das vacinas em cada localidade, a situação da rede de frio e inúmeros pontos que quem não acompanha de perto não tem a menor noção da dimensão que seja.
E aqui mais um momento de reflexão sobre como fazer funcionar o sistema. Eu consigo visualizar o Estado de São Paulo como pedra fundamental nessa organização. Explico: pelo fato de termos mais recursos financeiros, ter uma vacina em desenvolvimento com uma parceria internacional chinesa e o Instituto Butantã de notável repercussão acadêmica, além de estar caminhando para concluir a entrada de todos os voluntários – que passarão de 9 mil para 13 mil, já incluindo em outras fases idosos e crianças.
Deste modo não consigo aceitar que o governo federal não possa trabalhar em conjunto e, juntos, realizarem um projeto de auxílio à população, esquecendo qualquer viés político. Quero chamar a atenção para um ponto que as pessoas, por ainda não compreenderem, tratam como questão matemática. A eficácia de todas as vacinas para covid-19 pode não ultrapassar os 60% de resposta. Aos olhos de um leigo parece pouco até quando comparamos com outras vacinas já conhecidas, que chegam a 90% ou 100% de eficácia. Caso realmente tenhamos apenas esses 60%, temos de avaliar que evitaremos os casos graves/críticos que aumentam a mortalidade. Aqui um ponto decisivo e de benefício. Muitas dúvidas existem, respostas para serem dadas, após quanto tempo teremos de retomar a vacina: semestral, anual... talvez neste primeiro momento de estudos das vacinas não consigamos dar todas as respostas, mas já trará um alento a todos e, assim, iremos movimentar a economia mundial e fazer a vida das pessoas voltar a um quase normal.
O que não podemos é politizar a covid-19. Temos de coibir os movimentos antivacina que agem de modo nefasto, mostrando aos indivíduos realidades que não existem. Devemos mostrar à população o porquê de ser imunizada. Conto com a ajuda da imprensa e de todos órgãos médicos para que possamos fazer uma campanha adequada. Ser obrigatória ou não a vacina podemos discutir à luz de novos conhecimentos, mas tenho a impressão de que fazer uso, se indicado, seja a melhor opção para as pessoas. Exceções devem ser vistas e analisadas sempre. Se formos seguir os bons preceitos e de prevenção, todos deveremos tomar a vacina para covid-19 independentemente do laboratório. Vamos juntos somar e não dividir.
Não consigo aceitar que o governo federal não possa trabalhar em conjunto