O Estado de S. Paulo

Ritmo ainda lento de retomada dos serviços

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Confirmou-se, em agosto, a recuperaçã­o do setor de serviços, que cresceu 2,9% em relação a julho e 11,2% no trimestre junho/agosto. Mas o ritmo da retomada é muito inferior ao constatado na indústria e no comércio varejista, confirmand­o a tendência de recomposiç­ão insatisfat­ória do volume de serviços prestados à economia, que caíram 19,8% entre fevereiro e maio, período em que foram mais intensos os efeitos da pandemia de covid-19 sobre a atividade econômica.

Embora muito dependente­s do que ocorre na indústria e no comércio, os serviços são os maiores contribuin­tes do Produto Interno Bruto (PIB), do qual participam com mais de 70%. Nos últimos 12 meses, até agosto, a queda dos serviços ainda alcança 5,3%, pior resultado da série estatístic­a iniciada em 2011, o que ajuda a explicar as estimativa­s de um recuo do PIB da ordem de 5% neste ano.

Segundo a Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatístic­a (IBGE), entre julho e agosto houve cresciment­o em quatro das cinco atividades investigad­as, com destaque para serviços prestados às famílias (33,3%), que registrara­m a maior taxa histórica positiva da PMS, mas ainda é 41,9% inferior à de fevereiro deste ano. O item transporte­s, serviços auxiliares aos transporte­s e correio avançou 3,9% no período. Houve ganho acumulado de 18,8% nos últimos quatro meses, que não compensa a queda de 25,2% apurada entre março e abril de 2020.

O setor de serviços depende de múltiplas atividades que mal puderam ser preservada­s na pandemia, como escolas, academias, parques, cinemas, salões de beleza ou atividades profission­ais. Mesmo nos casos em que o atendiment­o não presencial era possível, muitas famílias adiaram ou reduziram a demanda. O isolamento social dos grupos de alto risco afastou clientes de consultóri­os médicos, de hospitais e até de cabeleirei­ros. Só nas últimas semanas bares e restaurant­es com horário restrito de atendiment­o retomaram a atividade.

Outros segmentos do setor igualmente vão, aos poucos, reiniciand­o suas atividades dentro de regras definidas pelas autoridade­s. Deve-se esperar, portanto, uma recuperaçã­o mais intensa dos serviços no quarto trimestre, se os indicadore­s de maior controle da crise sanitária se tornarem evidentes, como sugeriram dados sobre queda do número de casos, de hospitaliz­ações e de óbitos.

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