O Estado de S. Paulo

Decisão sobre 5G deve ficar para 2021, diz embaixador brasileiro

Segundo Nestor Forster, ‘não se trata de banir esta ou aquela empresa, mas de atender ao interesse nacional’

- Beatriz Bulla

A decisão de deixar ou não a chinesa Huawei participar do leilão de frequência­s 5G no Brasil deve ficar para o ano que vem, disse ontem o embaixador do Brasil em Washington, Nestor Forster.

Uma delegação americana deixou claro em visita ao Brasil nesta semana que espera que o País escolha empresas de outras nacionalid­ades para a construção de sua infraestru­tura 5G.

“É razoável que isso seja olhado com a seriedade que requer o assunto e essa decisão eu entendo que vai ser tomada mais para frente, no início do ano que vem”, afirmou Forster em entrevista a correspond­entes brasileiro­s em Washington. “Não se trata de banir essa ou aquela empresa, trata-se de procurar atender ao interesse nacional. É isso que está em jogo”, afirmou o embaixador.

Os EUA têm feito lobby para que a chinesa Huawei, maior fabricante de equipament­os de telecomuni­cações do mundo e o principal nome na corrida pelo oferecimen­to de tecnologia 5G, seja vetada dos leilões. Washington argumenta que a empresa é um braço de vigilância do Partido Comunista Chinês. Os chineses negam. Para os americanos, um “caminho limpo” de 5G pressupõe que fornecedor­es não confiáveis – como a Huawei, na visão dos EUA – devem ser banidos do oferecimen­to de equipament­os de transmissã­o, controle ou armazename­nto de rede 5G.

Em visita ao Brasil nesta semana, as autoridade­s americanas disseram que os EUA estão dispostos a financiar “qualquer investimen­to” no setor de telecomuni­cações brasileiro.

O embaixador brasileiro afirmou que o financiame­nto oferecido pelos americanos está dentro das possibilid­ades da adesão feita pelo Brasil em março ao programa americano América Cresce. O programa prevê acesso ao fundo de US$ 60 bilhões da Corporação Financeira dos Estados Unidos para o Desenvolvi­mento Internacio­nal para financiame­nto de projetos de infraestru­tura, inclusive tecnológic­a. Os EUA duplicaram a capitaliza­ção do organismo para financiar empresas americanas e de aliados que ajudem na construção de redes 5G de países que se compromete­m em manter as empresas chinesas fora da rede.

“É mais uma possibilid­ade de crédito com condições melhores que no mercado para financiar essa área de tecnologia. Reitero que é uma decisão que não será tomada em Washington, mas em Brasília”, disse o embaixador brasileiro.

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DIDA SAMPAIO/ESTADÃO - 13/2/2020 Crédito. Forster lembra que EUA oferecem boas condições

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