O Estado de S. Paulo

Medidas para Renda Cidadã vão de fim de abono a corte de salários

Propostas em discussão entre governo e Congresso buscam forma de financiar novo programa social

- A.F.

Para financiar o Renda Cidadã, o novo programa de distribuiç­ão de renda que o presidente Jair Bolsonaro pretende criar em substituiç­ão ao Bolsa Família, está sendo elaborado um rol de medidas que passam pelo corte do abono salarial, do salário de servidores públicos e de reajustes de aposentado­rias e pensões para quem ganha acima de três salários mínimos.

A lista também inclui a limitação temporária (por dois anos) de auxílios pagos ao funcionali­smo público, como o caso do auxílio alimentaçã­o, com uma economia estimada de R$ 1,826 bilhão por ano com a implementa­ção de um teto por auxílio de R$ 300. Hoje, o valor médio do benefício é de R$ 479 por mês, mas alguns órgãos pagam mais do que o dobro desse valor.

Também está no radar a proposta de limitação temporária em até R$ 300 por mês do valor do benefício com assistênci­a pré-escolar – um ganho estimado em R$ 148 milhões. O valor médio hoje dessa assistênci­a é de R$ 380 por mês, mas técnicos também veem grandes distorções neste quesito, com órgãos pagando mais do que o dobro da média.

O Congresso também avalia a redução temporária de auxílio fardamento de militares, de dois para um soldo anual. A economia esperada neste caso é de R$ 236 milhões. O gasto anual é de R$ 458 milhões.

Já a redução temporária da jornada de trabalho e vencimento­s de membros de Poder (magistrado­s, procurador­es, promotores e parlamenta­res), servidores civis e militares poderia render mais R$ 10 bilhões por ano. A proposta é fazer uma redução de 12,5% da jornada e do salário.

Também estão na mesa de negociaçõe­s duas propostas que foram rejeitadas anteriorme­nte por Bolsonaro: suspensão temporária da correção monetária dos benefícios previdenci­ários, mas para quem ganha acima de três salários mínimos (hoje, R$ 3.135), e a extinção do abono salarial, com uma regra de transição.

A suspensão da correção dos benefícios do INSS pode render R$ 3,5 bilhões no primeiro ano e R$ 7 bilhões no segundo ano. Já o remanejame­nto gradual do abono para o novo programa social não teria efeito no primeiro ano, mas a partir de 2022 garantiria economia de R$ 8,22 bilhões, aumentando para R$ 16,9 bilhões no ano seguinte.

A proposta é extinguir o abono a partir de janeiro de 2021 e fazer uma regra de transição, garantindo o direito do benefício para quem ganha até um salário mínimo enquanto o trabalhado­r mantiver o vínculo no emprego.

Emendas. Alguns parlamenta­res, entre eles o senador Renan Calheiros (MDB-AL), defendem um corte das emendas em 2021 para financiar o Renda Cidadã. Calheiros sugeriu R$ 5 bilhões. Mas já circulam propostas para o uso até mesmo de 100% da reserva das emendas individuai­s (de R$ 9,7 bilhões) e de parte da reserva de emendas de bancada (de R$ 8,6 bilhões).

O remanejame­nto do segurodefe­so (pago a trabalhado­res artesanais no período em que a pesca é proibida) para o novo programa pode garantir mais R$ 3,1 bilhões.

O reforço do Renda Cidadã prevê também o remanejame­nto de R$ 34,850 bilhões do atual Bolsa Família. Também seriam remanejado­s mais R$ 551 milhões da remuneraçã­o que é dada aos Estados e municípios pela boa gestão do Bolsa Família, o IGD. O Índice de Gestão Descentral­izada é um indicador desenvolvi­do pelo Ministério da Cidadania que mostra a qualidade da gestão local na administra­ção do Bolsa Família e do Cadastro Único. Os recursos são utilizados para ações de cadastrame­nto./

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