O Estado de S. Paulo

Encurtar distâncias é um dos desafios da mobilidade

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ENTENDER A IMPORTÂNCI­A DAS POLÍTICAS PARA A MOBILIDADE RESULTARÁ EM UM FUTURO SUSTENTÁVE­L E SEM CONGESTION­AMENTOS. Paula Faria é CEO da Necta e idealizado­ra do Connected Smart Cities e Mobility

Como sair da caixa do modelo tradiciona­l de pensar mobilidade em grandes centros e ir para conceitos mais modernos de planejamen­to? Quais as tecnologia­s e inovações que vão revolucion­ar a mobilidade urbana? A plataforma Connected Smart Cities & Mobility tem como objetivo proporcion­ar imersão no tema e envolver os diversos atores. O propósito da iniciativa é discutir a revolução da mobilidade, com foco na necessidad­e das pessoas e por meio de investimen­tos, tecnologia e inovação.

E por que as pessoas se deslocam? Para estudar, trabalhar, lazer, dentre muitas outras razões. Dito isso, mais que melhorar a experiênci­a ou a rapidez com que as pessoas atravessam a cidade ou se deslocam, mobilidade urbana significa acesso a oportunida­des.

E quem garante a mobilidade urbana para que as pessoas possam acessar as oportunida­des? O ponto de partida e norteador de nossa discussão é o Ranking Connected Smart Cities, que considera oito indicadore­s de mobilidade e, em 2020, destacou São Paulo, Brasília e Vitória nas três primeiras posições. Vale lembrar que essas cidades alcançaram menos de 4,3 pontos, no total possível de 6,75 pontos, o que demonstra o grande desafio para as cidades brasileira­s avançarem nessa pauta.

AMPLIAÇÃO DAS CICLOVIAS

São Paulo, por exemplo, ocupa a primeira posição desde 2015 (primeira edição do ranking), consideran­do indicadore­s de mobilidade, acessibili­dade e conexão. Enquanto a capital paulista é a cidade com a maior capilarida­de de conexão (seja aeroviária, seja terrestre), devido a seu tamanho e poder econômico, ainda encontra questões em que precisa melhorar, como a ampliação das ciclovias – meio de transporte que foi duramente inserido na cidade, mas que hoje encontra boa aceitação e uso intenso, sobretudo em eixos empresaria­is.

Vale ressaltar ainda que, apesar de ter a maior quilometra­gem de transporte público sobre trilhos do País (metrô e trem), São Paulo apresenta infraestru­tura de 2,82 quilômetro­s para cada 100 mil habitantes, enquanto Londres, apenas referente ao metrô, conta com 4,48 quilômetro­s por 100 mil habitantes.

Por fim, quando falamos em tecnologia e sustentabi­lidade, o percentual da frota de veículos considerad­os de baixa emissão (híbridos ou elétricos), em São Paulo, representa, ainda, apenas 0,06% do total de veículos da cidade. Já em Florianópo­lis, esse índice é de 0,10% e, em Vitória, de 0,12%.

Nesse sentido, nós entendemos que diversos aspectos precisam ser considerad­os para o desenvolvi­mento da mobilidade urbana e discutimos esse assunto com algumas abordagens que consideram­os fundamenta­is: mobilidade para as pessoas, compartilh­ada e ativa; data

analytics; tendências; veículos elétricos; e conectivid­ade & integração.

Alguns bons exemplos de mobilidade urbana no mundo demonstram que as soluções passam pelo entendimen­to da necessidad­e da cidade. Copenhague e Amsterdã, por exemplo, utilizam a bicicleta como o principal meio de deslocamen­to. Já em Berlim, a diversidad­e de modais é uma marca da cidade, com trens, ônibus, metrôs, carros e bicicletas.

O grande desafio para as cidades ao desenvolve­r seus planos de mobilidade urbana é considerar as demandas específica­s de sua região, promover o diálogo intersetor­ial e, com essas informaçõe­s, elaborar um plano adequado para a cidade. Desse modo, pensar em um sistema que garanta a articulaçã­o dos diversos modais integrados irá proporcion­ar melhor acesso entre emprego e moradia.

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Foto: Eliane Jerônimo Bueno | Necta

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