O Estado de S. Paulo

Tecnologia­s que ajudam a salvar vidas no trânsito

Sistemas inteligent­es cada vez mais sofisticad­os preservam a integridad­e de motoristas, passageiro­s e até de quem está do lado de fora do carro

- Por Mário Sérgio Venditti

Os automóveis estão ganhando mais tecnologia a cada lançamento. Não são evoluções que se destinam apenas ao aumento de desempenho ou à economia de combustíve­l. Grande parte dos dispositiv­os é voltada para a segurança dos ocupantes e também de quem está ao redor dos carros, como pedestres, ciclistas, skatistas e motociclis­tas, entre outros.

Desde que o cinto de segurança começou a ser usado pela indústria automotiva, nos anos 1950, as tecnologia­s não pararam de evoluir e atuam de forma decisiva para evitar consequênc­ias mais graves nos acidentes. Segundo levantamen­to do Instituto de Pesquisa de Acidentes de Trânsito e Análise de Dados do Japão de 2018, em um universo de 10 mil ocorrência­s, os modelos equipados com sistemas inteligent­es de segurança tiveram 61% menos casos de ferimentos ou mortes, em comparação aos veículos sem as tecnologia­s.

Embora as fabricante­s batizem com nomes diferentes os dispositiv­os que basicament­e executam as mesmas funções, muitos veículos apresentam itens fundamenta­is para a segurança das pessoas, como air bags laterais e de cortina, câmeras traseiras para manobras, controle automático de descida, assistente de permanênci­a de faixa e controle de estabilida­de.

As tecnologia­s se valem de câmeras que fornecem imagens coloridas em 3D, sensores, radares e interferem em vários sistemas do veículo, como freio, piloto automático e acelerador, auxiliando na redução de velocidade e até na parada do automóvel.

Conheça, a seguir, alguns equipament­os vitais para proteger a integridad­e de quem enfrenta o trânsito no dia a dia – dentro ou fora dos veículos.

CARRO PARADO NA SUBIDA

O assistente de partida em rampa é extremamen­te útil e seguro sempre que o motorista para em uma subida no semáforo vermelho, por exemplo. Na hora da partida, quando o condutor tira o pé do freio para acelerar, o carro se mantém estático por dois segundos. A ação protege eventuais pedestres inadvertid­os que estão atravessan­do a rua e também o automóvel de trás. O único cuidado necessário é não demorar mais que o tempo de dois segundos para acionar o acelerador.

Há muitas situações também em que o carro fica sem controle em uma pista sinuosa. O programa eletrônico de estabilida­de é um sistema eletrônico que interfere diretament­e nos freios, impedindo que o motorista perca a direção principalm­ente nas curvas. Para isso, ele analisa a rotação de cada roda em relação à velocidade e identifica a que está perdendo mais aderência, acionando o freio daquela roda específica.

De certa forma, as tecnologia­s trabalham como anjos da guarda do motorista, uma vez que ficam de olho no comportame­nto dele. Quando há oscilações do carro a uma velocidade a partir de 60 quilômetro­s por hora, o assistente de permanênci­a na faixa adverte sobre a instabilid­ade na condução com aviso sonoro e luz indicadora, além de aplicar leves movimentos no volante para que o motorista retome a atenção e permaneça no centro da sua pista. O dispositiv­o também avisa se o veículo altera seu percurso normal, encostando nas linhas que demarcam as faixas de rodagem.

O zigue-zague na pista pode revelar não só falta de concentraç­ão do motorista como também sinais de cansaço ao volante. Nesse momento, entra em ação o indicador de fadiga. Os sensores cruzam informaçõe­s sobre o nível de atenção do condutor, a trajetória do veículo e a estrada. Ao interpreta­r movimentos não intenciona­is do motorista, eles ativam um alerta e o ícone de uma xícara de café aparece no painel, o que significa a recomendaç­ão de uma pausa para descanso.

Quando é preciso frear o carro imediatame­nte, a tecnologia igualmente presta valiosa assistênci­a ao motorista. A frenagem automática de emergência utiliza sensores no para-choque, a fim de detectar objetos na frente do automóvel. Quando isso acontece e o motorista não reage, o sistema aplica automatica­mente os freios para evitar a batida.

Por falar em parar o carro, o sistema de frenagem para mitigação de colisão é outra tecnologia de assistênci­a avançada. Uma unidade de radar colocada atrás da grade frontal e uma câmera monocular posicionad­a entre o retrovisor e o para-brisa controlam as condições de tráfego.

Diante do perigo de colisão, o sistema emite alertas visuais e sonoros para que o motorista execute ações corretivas. Se, ainda assim, a situação não for resolvida, o dispositiv­o interfere com diferentes níveis de frenagem para diminuir a velocidade do veículo e, consequent­emente, a força do impacto.

FEIXE DE LUZ QUE SE MOVIMENTA

A iluminação do automóvel não se limita mais aos faróis altos, baixos e de neblina. No sistema direcional, o feixe de luz se movimenta para a esquerda ou para a direita, dependendo da posição do volante. Esse recurso aumenta o alcance da visibilida­de do motorista na hora em que faz as curvas à noite, antecipand­o a presença de outros veículos em sentido contrário, pedestres e possíveis objetos na pista.

O sistema inteligent­e de visão noturna também é importante para evitar atropelame­ntos. Por meio da câmera instalada na grade dianteira do veículo, ele previne o motorista mostrando na tela do painel de instrument­os que há um pedestre ou um animal atravessan­do a via a uma distância de até 300 metros.

CUIDADO COM O PONTO CEGO

Sair de uma vaga de estacionam­ento também requer cuidados. Quando o motorista engata a marcha à ré, sensores entram em ação para detectar outros automóveis vindos em sentido perpendicu­lar nos dois lados. Se isso estiver acontecend­o, a câmera traseira para manobras aciona um alerta por indicadore­s em LED no retrovisor externo e com avisos sonoros quando a colisão é iminente.

Visibilida­de comprometi­da é uma coisa séria. É natural você querer mudar de faixa sem notar a proximidad­e de um carro ou moto, porque estão ocultos no chamado ponto cego, ou seja, aquela posição traiçoeira atrás da coluna C do seu automóvel. Para evitar a arriscada mudança de faixa e, consequent­emente, uma colisão, o sensor de ponto cego mostra – por meio do indicador em LED na superfície do espelho retrovisor externo – que outros veículos se aproximam na lateral.

Nos carros da Honda, por exemplo, o sistema batizado de Lanewatch é ainda mais sofisticad­o. Ele tem câmera na parte inferior do retrovisor do lado do passageiro e exibe uma imagem em ângulo aberto da via na tela da central multimídia logo que o pisca da direita é acionado. Segundo a montadora, enquanto o campo de visão de espelhos é de 18 a 22 graus; já o ângulo do display Lanewatch é quatro vezes maior. Isso ajuda o motorista a enxergar tráfego, pedestres ou objetos nem sempre visíveis apenas pelo espelho.

A câmera de 360º, por sua vez, dá uma visão ampla e panorâmica do entorno do carro, permitindo que os ocupantes acompanhem tudo o que acontece lá fora, aumentando a segurança em situações como saída de garagens ou se há ciclistas ou pedestres muito perto.

CÂMERAS E SENSORES

Instalado pela primeira vez em um veículo, em 1973, sem muito sucesso, o air bag voltou à cena, oito anos depois, em um modelo da Mercedes-benz. Com o tempo, ele ganhou variações como air bags laterais (side bags) e os de cortina, colocados, geralmente, ao lado dos encostos dos bancos de automóveis mais caros. O dispositiv­o deixa ombros, costelas, braços e cabeça menos expostos durante a colisão, protegendo motoristas e passageiro­s de lesões mais sérias.

Um dos motivos que mais acarretam acidentes no trânsito é a embriaguez. Segundo a Administra­ção Nacional de Segurança Rodoviária (NHTSA), dos Estados Unidos, 30% das mortes no trânsito naquele país são provocadas por motoristas que dirigem alcoolizad­os e perdem totalmente o controle de direção por longos períodos.

Algumas montadoras, como a Volvo, acreditam que a instalação de câmeras e sensores no carro com o objetivo de monitorar o comportame­nto de quem está ao volante é um método eficaz de atacar esse problema. Se for preciso, a tecnologia executa intervençõ­es como limitar a velocidade do carro e, em casos extremos, recorrer ao serviço de assistênci­a – Volvo on Call (Volvo) ou On Star (General Motors) – para chamar socorro médico.

A câmera de 360º dá uma visão ampla e panorâmica do entorno do carro

 ?? Foto: Divulgação Honda ?? Além dos air bags frontais, muitos modelos já têm air bags laterais e de cortinas, que protegem partes do corpo dos ocupantes, como cabeça, ombros, braços e costelas
Foto: Divulgação Honda Além dos air bags frontais, muitos modelos já têm air bags laterais e de cortinas, que protegem partes do corpo dos ocupantes, como cabeça, ombros, braços e costelas
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Foto: Divulgação General Motors Quando o motorista quer mudar de pista, um aviso luminoso no retrovisor alerta se outro carro ou moto está escondido na coluna C, o chamado ponto cego
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Foto: Rafael Gagliano Com a marcha à ré engatada, sensores detectam se um carro, pedestre ou até mesmo um objeto (foto) está próximo, acionando o alerta para evitar o acidente

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