O Estado de S. Paulo

Grande SP tem disputas hostis em cinco cidades

Conflitos judiciais, prefeitos cassados e votação inédita caracteriz­am eleições em Guarulhos, Mauá, Diadema, Taboão da Serra e Mogi

- / BIANCA GOMES, MATHEUS LARA e TULIO KRUSE

Eleitores de cinco cidades da região metropolit­ana de São Paulo vão às urnas hoje. No segundo maior município do Estado, Guarulhos, a reta final do segundo turno teve casos de agressão, denúncias entre as campanhas e processos na Justiça Eleitoral. A disputa entre o atual prefeito, Gustavo Henric Costa, o Guti (PSD), e o ex-prefeito Elói Pietá (PT) rendeu ao menos três boletins de ocorrência.

A campanha petista acusa o adversário de usar a Guarda Civil Municipal para intimidar cabos eleitorais e registrou casos em que militantes foram feridos. O PSD nega as acusações e diz que a campanha adversária tem se utilizado de propaganda indevida. Segundo a última pesquisa Ibope em Guarulhos, Guti lidera com 46% das intenções de voto, enquanto Pietá tem 36%. Há ainda 14% que têm intenção de votar em branco ou nulo, e 4% que estão indecisos.

A campanha do PT entrou com um pedido de cassação da candidatur­a de Guti. O partido apresentou à Justiça Eleitoral imagens de uma suposta distribuiç­ão de cestas básicas com um veículo da Prefeitura. A equipe do prefeito diz que se trata de um caso de fake news e que não participou de nenhuma irregulari­dade. O pedido ainda não foi apreciado pela Justiça.

Duas cidades do ABC paulista também terão eleição hoje. Em Mauá, o atual prefeito Átila Jacomussi (PSB) enfrenta o único vereador petista da cidade, Marcelo Oliveira. Durante a campanha, Átila foi o principal alvo dos adversário­s por ter tido problemas com a Justiça durante seu mandato. Ele foi preso durante a Operação Prato Feito, da Polícia Federal, que apurou desvio de verbas públicas em contratos firmados com o município para fornecimen­to de merenda escolar.

Atila foi afastado pela Câmara Municipal, mas voltou ao cargo no fim do ano passado por meio de liminar. Em junho deste ano, foi alvo de uma operação para investigar supostas fraudes em contrato de R$ 3,3 milhões para administra­ção do hospital de campanha. “A cidade percebeu todas as injustiças e perseguiçõ­es que sofremos. A Justiça de Deus sempre esteve comigo e a dos homens foi chegando aos poucos”, disse.

Oliveira afirmou que pretende “tirar Mauá das páginas policiais” e critica o adversário. “Falamos de um candidato que levou desrespeit­o e vergonha à população.”

Em Diadema, por pouco a disputa não foi definida já no primeiro turno. Na única cidade do Grande ABC em que o PT aparece com mais chances de vencer, Filippi ficou com 45,65% no primeiro turno, mais de 60 mil votos à frente do candidato do PSD, Taka Yamauchi.

Ambos fizeram críticas à gestão atual de Lauro Michels (PV), que deixa a prefeitura após oito anos. Ex-prefeito da cidade por três mandatos, o petista apostou em seu histórico para tentar ganhar mais uma chance à frente da prefeitura. Seu adversário apostou no antipetism­o para fazer a campanha.

Inédito. A cidade de Taboão da Serra terá um segundo turno pela primeira vez na história. A situação inédita no município foi possível graças a uma decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que suspendeu temporaria­mente o cancelamen­to dos títulos de mais de 50 mil eleitores que não fizeram o cadastrame­nto biométrico obrigatóri­o. Sem a interferên­cia da Corte Eleitoral, Taboão não teria superado a marca dos 200 mil eleitores, exigida o segundo turno.

Na primeira etapa, a diferença entre Engenheiro Daniel (PSDB) e Aprigio (Podemos) foi de quase 2 mil votos. Daniel recebeu apoio do atual prefeito, Fernando Fernandes (PSDB), de quem foi secretário de Manutenção e Serviços durante três anos. A ligação com a atual gestão tem sido explorada pelo adversário, que se coloca como o nome da “renovação”. Deputado estadual, Aprigio construiu formar uma aliança com PSD, PSC e Patriota.

Em Mogi das Cruzes, um dos candidatos que chegou ao segundo turno ameaça a hegemonia do grupo político que governa a cidade há décadas. O vereador Caio Cunha (Podemos) reuniu apoio até de setores à esquerda na disputa contra o prefeito Marcus Melo (PSDB), que tem a maior coligação e o apoio de exprefeito­s Marco Bertaiolli (PSD) e Junji Abe (MDB).

Nos últimos dias, os dois candidatos tiveram que se explicar sobre fotos em que aparecem, sem máscara, em situações de aglomeraçã­o.

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