O Estado de S. Paulo

REDUZIR O Nº DE ACIDENTES E DE MORTES NO TRÂNSITO

Desestimul­ar o uso do carro

- Ana Carolina Nunes, pesquisado­ra do Cidadeapé

“Para termos cidades mais limpas e saudáveis é preciso que, progressiv­amente, as pessoas troquem carros e motos por transporte público, caminhada ou bicicleta. No entanto, o medo da violência no trânsito é um obstáculo crítico para essa mudança. Os dados alarmantes acabam encobrindo histórias de vidas que foram interrompi­das quando exerciam o direito de ir e vir, como da nossa amiga Marina Harkot. Ela dedicou seu trabalho ativista e acadêmico para questionar a lógica histórica das cidades que prioriza a velocidade em detrimento da segurança de cidadãs e cidadãos.

Para enfrentar essa realidade, um prefeito não pode ter medo de adotar ações para salvar vidas. Por exemplo: tirar espaço de carros nas ruas para fazer ciclovias ou ampliar calçadas em áreas com grande circulação de pessoas, dando prioridade a quem se movimenta por esses meios desprestig­iados. Isso também inclui semáforos de pedestres acessíveis por toda a cidade e aumentar o tempo disponível para atravessar ruas, que hoje força idosos a correr para não ser atropelado­s. É o mínimo que se pode fazer para garantir dignidade à maioria da população, que circula sem poluir.

Outra ação urgente é acalmar o trânsito e não apenas com a redução dos limites de velocidade. Por fim, é importante lembrar que campanhas educativas têm seu valor na redução de mortes no trânsito, porém só alcançam o efeito desejado quando há esforço para fiscalizar o cumpriment­o da lei em todos os bairros e, especialme­nte, nas madrugadas e fins de semana, quando há mais colisões e atropelame­ntos.”

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FONTE: REDE NOSSA SP/MAPA DAS DESIGUALDA­DES

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