O Estado de S. Paulo

O maior feito? Ser ele mesmo

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McCartney III resume alguns Pauls. O do violão, o do piano, o das canções de ninar e dos rocks de despertar. Seize the Day é um desses, vigoroso e dócil, o ponto que ele encontrou para viver, seguindo um pensamento de composição que passou a usar com mais recursos de estúdio a partir do fim dos anos 1990. Melódico e de 2.ª parte deliciosa. Pretty Boys éo das cordas de aço, resolvido em poucos acordes e de crescente hipnótico. Lavatory Lil tem um peso maior, mais anos 70, e um solo de guitarra de dedos duros.

Aliás, ele toca tudo no disco e nenhuma execução instrument­al é excepciona­l. Mas era só o que faltava, Paul ser um músico virtuoso. Ouça bem The Kiss of Venus. Tudo o que fez pela vida segue a estrutura dessa canção de ninar. Sua ideia inicial é sempre assim, como se cantasse para um filho pequeno dormir. Ele a desenvolve até levá-la à condição de grande canção. Uma vira rock, outras seguem sendo canções de ninar. E tem ainda Woman and Wives, que lembra Johnny Cash. Triste e bela. É o Paul sem querer nada além de ser ele mesmo.

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