‘ESTOU ME COÇANDO DE VONTADE DE DIZER: VOLTEM PARA CASA’
Há semanas venho fazendo xixi sobre notícias preocupantes em relação à pandemia da covid-19.
Eis que a chamada segunda onda nos apanhou no meio de uma precipitada flexibilização. São humanos correndo atrás de bolinhas imaginárias em bares, restaurantes e aglomerações sem sentido. O resultado disso é uma taxa de transmissão do novo coronavírus semelhante àquela enfrentada em maio, no auge da crise. O vírus morde. E continua mordendo.
Hoje, os miados do negacionismo surgem disfarçados de preocupação com a economia. Não se deixem enganar: o maior ativo econômico de uma nação é a saúde da sua população. Saúde é um osso suculento e cheio de carne. Saúde é petisco.
Se tem uma coisa que eu entendo é de vacina. Tenho raiva quando ouço promessas mirabolantes de vacinação para ontem. Lamento rosnar em seus ouvidos ludibriados, mas a vacina não é pra já. Existem desafios logísticos que só quem já foi esquecido em dia de mudança pode entender. Por isso, os cientistas estão latindo comigo: voltem para suas casas.
Voltem para a segurança, o conforto e o carinho dos seus lares. Nossa casa, quero dizer, sua casa, é o lugar ideal para se estar.
Além do mais, se essa pandemia tem algo de bom, e perdoem meu rabinho abanando de otimismo, é o fato de antecipar o futuro. E o futuro é o home office, sweet home office, uau, uau!
As vantagens econômicas e pessoais de trabalhar em casa não cabem neste artigo. Sem o estresse do trânsito, sem o barulho das motos ou do caminhão do lixo, a vida é muito melhor.
Trabalhar do próprio sofá, dividindo-se entre a tela do computador e aquele carinho relaxante na barriga de um pet, mostrou-se eficaz em todos os sentidos (principalmente em termos de produtividade). Permanecer em casa é um ato de coragem e inteligência.
A própria economia agradece. Você, provavelmente, já comprou cadeiras melhores, poltronas mais gostosas e sofás que ando me segurando para não destruir. Além disso, é possível que tenha feito uma enorme economia ao não viajar em 2020. Sempre considerei essa coisa de “viajar” supervalorizada em nossa sociedade.
E mais importante, quando toca aquele barulho irritante do interfone, quase sempre é comida. Isso é genial. Vocês humanos tomam muitas decisões questionáveis, mas, preciso dar a pata à palmatória, o delivery é uma das maiores criações de todos os tempos. Não recuso um naco de carne, uma borda de pizza.
Fiquem em casa. Mantenham-se a salvo e me façam feliz. Não caiam na lábia de velhos gatunos negacionistas da ciência.
PS: Vez ou outra, uma voltinha pelo quarteirão não faz mal.