‘RESTAM POUCOS DIAS PARA O NEGACIONISMO’
• Vitória de tucano simboliza triunfo do discurso de centro • Resultado nas maiores cidades do País consolida derrota do PT, que fica fora das capitais • Candidatos apoiados por Bolsonaro também sofrem reveses
O prefeito Bruno Covas (PSDB) foi reeleito para mais um mandato na Prefeitura de São Paulo. Ele obteve 59,38% dos votos válidos, ante 40,62% do adversário, Guilherme Boulos (PSOL). No comando do Executivo municipal desde 2018, quando João Doria deixou o cargo de prefeito para concorrer a governador, sua vitória simboliza o triunfo do discurso de centro no espectro político nacional. “Restam poucos dias para o negacionismo e o obscurantismo. São Paulo disse sim à ciência e à moderação”, afirmou, em sua fala após a vitória, na qual fez críticas indiretas a Jair Bolsonaro, defendeu a democracia e atacou o ódio na política. O resultado nas maiores cidades do País consolidou a derrota do PT – que ficou fora das capitais – e de candidatos bolsonaristas. “Essa eleição manifestou uma força muito grande daqueles que exercem atividade política”, disse Eduardo
Paes (DEM), eleito no Rio. No caso de São Paulo, a conquista de Covas também representa superação pessoal. Em tratamento contra o câncer, ele permaneceu na Prefeitura e se tornou mais conhecido no enfrentamento da covid. Na Câmara, apesar do apoio de 16 partidos na campanha, terá de negociar maioria.
Bruno Covas (PSDB) foi reeleito ontem para mais um mandato à frente da Prefeitura de São Paulo. Covas obteve 59,38% dos votos válidos, ante 40,62% do adversário no segundo turno, Guilherme Boulos (PSOL). A vitória do tucano, que carrega um dos sobrenomes mais emblemáticos da política paulista, mantém a hegemonia do PSDB na maior cidade do País e simboliza o triunfo majoritário, nas disputas de 2020, do discurso associado ao centro do espectro político nacional. Sob o ponto de vista da macropolítica brasileira, o resultado nas maiores cidades do País também consolidou a derrocada do PT nos grandes centros e os reveses dos candidatos apoiados pelo presidente Jair Bolsonaro.
Encabeçando uma aliança de 11 partidos – seu vice é Ricardo Nunes, do MDB –, Covas deu ênfase na campanha ao mote da experiência administrativa. Ele assumiu a chefia do Executivo municipal após João Doria (PSDB) deixar o posto de prefeito, concorrer e vencer a eleição de 2018 para o governo do Estado.
A conquista do neto de Mário Covas representou também uma superação pessoal – ele passa, há pouco mais de um ano, por um intensivo tratamento contra um câncer. O prefeito não se afastou do trabalho, e se tornou mais conhecido durante a gestão de enfrentamento da pandemia do novo coronavírus. “Restam poucos dias para o negacionismo e o obscurantismo. São Paulo disse sim à ciência e à moderação”, afirmou Covas em seu discurso da vitória, no qual fez críticas indiretas ao presidente da República, defendeu a democracia e atacou o ódio na política.
Prefeitos do PSDB devem governar cerca de 17% dos eleitores do País a partir de 2021. O partido se manteve no primeiro lugar nesse ranking, mas perdeu poder desde a eleição anterior (24%). O DEM registrou maior crescimento, saltando de 277 prefeitos eleitos em 2016 para 476 agora (quase 12% do eleitorado). A principal conquista ocorreu no Rio, onde o ex-prefeito Eduardo Paes voltará a comandar o Executivo municipal. Ele derrotou o prefeito Marcelo Crivella (Republicanos), que tentava a reeleição com o apoio de Bolsonaro. O deputado estadual Sebastião Melo (MDB) venceu Manuela D’ávila (PCDOB) na disputa pela prefeitura de Porto Alegre.
No Recife, onde a esquerda travava uma luta significativa e bastante acirrada, João Campos (PSB) derrotou sua prima de segundo grau, Marília Arraes (PT), no segundo turno. O filho de Eduardo Campos se tornou o prefeito mais jovem de uma capital brasileira, aos 27 anos. Trata-se de outro resultado simbólico: deixou o PT sem o comando de nenhuma capital do País, o que não ocorria havia 35 anos.