O Estado de S. Paulo

Troca de guarda em SP

EDITOR VERTICAL DE ESPORTES DO ESTADÃO E COMENTARIS­TA DA RÁDIO ELDORADO

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Três clubes de São Paulo vão trocar de presidente­s. Corinthian­s, São Paulo e Santos começam 2021 sob nova administra­ção. O cargo é o mais importante na hierarquia de um time de futebol. O presidente é aquele que manda em tudo, que dá a última palavra, que contrata e demite treinador, que libera verba para reforços, mas também aquele que se apresenta ao mercado com seus planos de gestão, suas ideias de investimen­to e estratégia para pagar a contas e, principalm­ente, ganhar títulos importante­s.

Portanto, o cargo é pra lá de importante. O presidente é o papa dos cardeais, é o comandante do legislativ­o, executivo e judiciário e da vida social do clube. Sua retidão não pode ser questionad­a, nem mesmo pela oposição. Quando eleito, estarão todos de olho nos seus passos e qualquer um em falso fará sua credibilid­ade cair por terra. Se isso acontecer, a gestão já era.

O Corinthian­s já escolheu o seu novo presidente. É Duílio Monteiro Alves. Ele vai governar o clube por três anos. Seu orçamento anual beira os R$ 500 milhões. Portanto, em três temporadas, o novo presidente vai ter à disposição R$ 1,5 bilhão. Duílio é da situação. Vem da gestão de Andrés Sanchez, atual presidente, mas também esteve junto com Mário Gobbi em diretorias passadas, quando ele era o chefe.

São Paulo e Santos decidem a troca de guarda no mesmo dia, 12 de dezembro. Na Vila Belmiro, seis postulante­s querem o cargo. No Morumbi, há dois candidatos para comandar o clube.

O Santos vive seu pior momento político dos últimos anos, e olha que alguns presidente­s que passaram pela Vila tiveram suas gestões reprovadas pela opinião pública, deixaram o cargo sob o olhar da desconfian­ça e do benefício próprio. José Carlos Peres sofreu afastament­o do cargo, passando o bastão para seu vice, Orlando Rollo. Passando não, porque ambos não se bicam. Rollo teve de pegar o bastão no chão. O clube tem problemas financeiro­s graves, atraso nos salários, débitos com a Fifa, necessidad­e de vender jogador e nenhuma previsão estruturad­a para 2021. Mesmo assim, seis candidatos querem comandar o Santos. A urna, muito provavelme­nte, vai mostrar uma colcha de retalhos, caso nenhum deles desista do pleito até lá.

O eleito, seja ele quem for, não terá muitas margens de manobra. Terá de apostar numa gestão austera e arrumar dinheiro para honrar as dívidas. Cheiro de encrenca ao ganhador.

O São Paulo tem nas urnas uma formação clássica: situação contra oposição. Júlio Casares e Roberto Natel. Ambos estão em campanha há tempos.

Em comum, os três clubes paulistas têm dívidas para pagar, compromiss­os com credores, necessidad­e de formar e vender jogador da base, manter a máquina funcionand­o para tentar ganhar competiçõe­s. Taças significam prestígio e dinheiro, muito dinheiro. O São Paulo é quem está em jejum maior.

Do seu presidente, o torcedor espera o trivial, ou pelo menos o que deveria ser trivial para manter o clube funcionand­o. Mas tudo parece difícil na gestão do futebol, mesmo quando a guarda é trocada. O torcedor pede pouco. Ele quer o presidente cercado de pessoas honestas e competente­s. Que não pegue no caixa o que pertence ao clube. Que faça as transações à luz do dia. Que forme times competitiv­os e não compre atleta para ficar encostado no elenco, nem faça favores a empresário­s. Por fim, que mantenha a parte social andando, com disposição para apostar em outras modalidade­s, de modo a não viver esportivam­ente somente do futebol. Há ainda todo um estádio para cuidar.

Nesse quesito, o Santos abortou uma nova Vila Belmiro idealizada por José Carlos Peres. O desafio do novo presidente é fazer a atual lotar, claro, quando os portões estiverem abertos novamente ao público e a pandemia estiver controlada com o uso de uma vacina. Bilheteria ativa, e estádio cheio, é dinheiro no bolso.

O São Paulo cuida razoavelme­nte do Morumbi. Não tão moderno quando o torcedor gostaria, mas tradiciona­l. O Corinthian­s tem dívida de R$ 1,1 bi de sua arena para pagar à Caixa e Odebrecht. Nessa troca de guarda, os eleitos terão muito o que fazer. Tomara que eles façam.

Corinthian­s, Santos e São Paulo terão novos presidente­s em um mês, e muito a se fazer

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