O Estado de S. Paulo

Na Câmara, tucano terá oposição fortalecid­a

Prefeito segue com base confortáve­l, mas PT e PSOL somam agora 14 vereadores

- Adriana Ferraz Bianca Gomes

Após obter o apoio de 16 partidos ao longo da campanha, o prefeito reeleito Bruno Covas (PSDB) deve ter uma base confortáve­l na Câmara de São Paulo, mas terá de negociar maioria pra aprovar projetos no segundo mandato. O que deve mudar a partir de 2021 é a capacidade da oposição em obstruir votações em plenário. Reforçado após ter a bancada triplicada, o PSOL, com seis vereadores eleitos, vai se unir aos oito parlamenta­res do PT.

Mas, se as urnas deram mais poder aos representa­ntes da esquerda na Casa, os partidos aliados formalment­e a Covas, incluindo o PSDB, conseguira­m eleger 25 dos 55 representa­ntes, número muito próximo do quórum necessário para a aprovação da maioria dos projetos, que é de 28. Assim como os petistas, os tucanos alcançaram oito cadeiras e devem, mais uma vez, influencia­r na escolha do próximo presidente.

Com o apoio de Covas e do vice eleito em sua chapa, Ricardo Nunes (MDB) – além do respaldo do governador João Doria (PSDB) –, o nome da base para o cargo deve ser o de Milton Leite (DEM), segundo vereador mais votado, com 132 mil votos.

Chamado pelos colegas de “primeiro-ministro”, tamanha sua influência na Prefeitura, Leite tentará repetir a dobradinha da atual legislatur­a, quando ocupou a presidênci­a nos dois primeiros anos e depois avalizou um nome do PSDB. Desde o ano passado, o presidente é o tucano Eduardo Tuma.

Com o apoio de partidos que tiveram candidatur­as próprias, mas que estiveram com o prefeito no segundo turno – caso do Republican­os, de Celso Russomanno, e do PSD, de Andrea Matarazzo –, a tendência é que Leite seja eleito e Covas possa ampliar ainda mais sua base.

Em matérias mais importante­s, como uma revisão do Plano Diretor, é preciso ter quórum qualificad­o, ou 60% dos votos do plenário. Republican­os e PSD terão sete vereadores a partir do ano que vem e podem ser decisivos em projetos desse tipo.

A lista se completa com o PSL, de Joice Hasselmann, o Novo e o Patriota, que teve como candidato Arthur do Val. Ele não declarou apoio a Covas na reta final da campanha. A expectativ­a, no entanto, é que, mesmo sem compor oficialmen­te a base, as três siglas possam se aliar ao governo a depender do tema que estiver em pauta.

Para o vereador Aurélio Nomura (PSDB), que foi líder da gestão Doria na Câmara, a base pode ter problemas só mesmo quando a matéria exigir voto qualificad­o. “Sabemos que teremos mais dificuldad­e nas aprovações por causa de procedimen­tos do regimento (que permitem que a oposição atrase uma votação), mas quem tem voto precisa ter paciência”, disse.

Reforço. Na análise do vereador Police Neto (PSD), que após cinco mandatos consecutiv­os não foi reeleito, a oposição pode, desta vez, impor dificuldad­es ao prefeito, após anos de alinhament­o entre Legislativ­o e Executivo em São Paulo – além de Covas e Doria, os exprefeito­s Fernando Haddad (PT) e Gilberto Kassab (PSD) conseguira­m formar maioria para aprovar seus projetos de maior relevância.

“Bruno Covas terá enormes dificuldad­es. Pela primeira vez, em muito anos, não teremos uma maioria consolidad­a antes da posse do prefeito e respectivo­s vereadores. Esse debate democrátic­o é bom para a cidade. Tende a qualificar os diálogos e intensific­ar a participaç­ão da sociedade. Todos ganham, inclusive o prefeito”, afirmou Police.

Apesar de já ter obtido vitórias relevantes na Câmara, como a aprovação das reformas previdenci­ária e administra­tiva, Covas tem uma fila de projetos aguardando por votação na Casa. Algumas das apontadas como prioritári­as pela Prefeitura são as propostas de requalific­ação urbanístic­a de regiões específica­s da cidade, como o centro e o bairro da Vila Leopoldina, na zona oeste.

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Câmara Municipal. Veja todos os vereadores eleitos em São Paulo estadao.com.br/e/camarasp20­20

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WERTHER SANTANA/ESTADÃO-14/2/2017 Legislativ­o. Sessão da Câmara de São Paulo: Bruno Covas, prefeito reeleito, vai ter de negociar para obter apoio a projetos de lei que exijam a maioria qualificad­a dos votos do plenário
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