Eleição na pandemia tem abstenção de 29,47%, maior taxa desde 1996
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) divulgou ontem que o comparecimento às urnas foi de 26,6 milhões eleitores no segundo turno, com 29,47% de abstenção – pessoas que não foram votar. O índice é o maior para esta etapa da eleição desde 1996, quando 19,99% dos eleitores do País não compareceram. “A abstenção é maior do que desejaríamos, mas é uma eleição em meio à pandemia”, disse o presidente do TSE, Luís Roberto Barroso ao comentar o índice em entrevista a jornalistas na noite deste domingo.
O ministro destacou que o TSE conseguiu “neutralizar” as tentativas de cancelamento das eleições por causa da covid-19, o que, segundo ele, teria impactos negativos para a democracia. A disputa, inicialmente marcada para outubro, foi adiada pelo Congresso na esperança de que a situação da pandemia já estivesse mais controlada.
Porém, após registrar um ritmo mais lento do avanço da doença nos últimos meses, o País passou a dar sinais de que sofre uma segunda onda da covid-19. A taxa de ocupação de
UTIS supera 70% em dez capitais, de acordo com o boletim da Fiocruz. Ontem o País registrou 261 mortes pela covid-19, chegando ao total de 172.848 óbitos desde o começo da pandemia.
Apesar do aumento de casos, Barroso citou que o momento foi mais propício para ir às urnas. “Conseguimos realizar as eleições em um momento em que a incidência da doença estava em menos da metade do pico”, afirmou.
São Paulo. A cidade de São Paulo registrou na eleição municipal deste ano o maior índice de abstenção num segundo turno desde a redemocratização. Mais de 2,7 milhões de eleitores (30,8%) não foram às urnas neste domingo. O número supera a votação de Guilherme Boulos (PSOL), que recebeu pouco mais de 2,1 milhões de votos. Reeleito, Bruno Covas (PSDB) recebeu mais de 3,1 milhões de votos.
Para o cientista político Rodrigo Prando, da Universidade Mackenzie, a pandemia do coronavírus é o fator que mais ajuda a explicar o índice, mas não é único. O aumento da abstenção ao longo dos anos indica a tendência de crise na democracia representativa. “A gente imaginava que teríamos uma abstenção muito grande pela pandemia. Ainda assim, é surpreendente. Mas é algo que não é de agora. É algo que paira no mundo todo.”