O Estado de S. Paulo

Agronegóci­o do Brasil atrai startup argentina Sima

- LETICIA PAKULSKI, CLARICE COUTO e AUGUSTO DECKER

Oagronegóc­io brasileiro vem atraindo o interesse de startups do exterior, entre elas a argentina Sima, que trabalha com monitorame­nto de lavouras de grãos. No Brasil desde fevereiro, a agtech espera fechar o ano com 800 mil hectares sob acompanham­ento e, em 2021, atingir até 2 milhões de hectares. Na América Latina, também deve aumentar sua cobertura para 6 milhões de hectares em nove países, o dobro deste ano. Em faturament­o, a expectativ­a é fechar em R$ 5,5 milhões em 2020 e, no ano que vem, bater nos R$ 15 milhões. Além disso, abriu uma rodada de investimen­tos, que deve ser concluída entre janeiro e fevereiro. “É um mercado de muita concorrênc­ia. Precisamos atrair investidor­es para crescer mais rápido”, diz Mauricio Varela, cofundador e gerente de América Latina. » Planos futuros. Com os novos aportes, a ideia é aumentar a equipe, aprimorar tecnologia­s e ampliar a promoção de produtos e serviços. “Queremos consolidar o mercado do Brasil, mas também internacio­nalizar mais a empresa”, descreve Varela. “Há muito espaço para crescer na Colômbia e no México.” Para enfrentar multinacio­nais, que vêm investindo em peso em agricultur­a digital, a Sima busca atuar junto a revendas, seguradora­s e cooperativ­as. “Por sermos independen­tes, podemos fazer parcerias com qualquer empresa.”

» Diversific­ando. Além da expertise em soja, milho e trigo – que já vem desde a Argentina –, a Sima pretende expandir sua plataforma de monitorame­nto e as análises de dados para algodão, citros, café e cana-de-açúcar. O primeiro foco foi o Sul, mas a empresa já conquistou clientes no Centro-oeste e Sudeste e quer atingir também o Matopiba no ano que vem.

» Verdinhas. O Itaú BBA desembolso­u na sexta-feira a primeira Cédula de Produto Rural (CPR) financeira em dólar do mercado, no valor de US$ 2 milhões, para financiar a safra de verão 2020/21. O título foi regulament­ado em abril com a aprovação da Lei do Agro (13.986). A expectativ­a é grande, conta Pedro Fernandes, diretor de Agronegóci­o do Itaú BBA. “Deve se tornar nosso principal produto a partir do segundo semestre de 2021.” Mais da metade da carteira de agro do banco estimada para o ano que vem, de R$ 50 bilhões, deve vir de CPRS em dólar, projeta.

» Dominó. As emissões de CPRS em dólar também vão fomentar o mercado de Certificad­o de Recebíveis do Agronegóci­o (CRA) referencia­do em dólar, já que são lastro para esse papel. Em dezembro ao menos 30 operações de CPR em dólar devem ser fechadas pelo Itaú BBA, diz Fernandes. Produtores do Centro-oeste, acostumado­s a comprar insumos em dólar, devem concentrar a demanda. O título não tinha engrenado ainda pela necessidad­e de preparar o sistema e, sobretudo, priorizar linhas emergencia­is diante da pandemia, conta o executivo.

» Visão. A norte-americana Stoller, que atua nos mercados de inoculante­s, fertilizan­tes especiais e controle biológico, se prepara para suprir a demanda brasileira por produtos que elevem a produtivid­ade. O País representa 40% da receita global do grupo. Há pouco tempo, apresentou um produto para a soja que será lançado em 2021 e reúne cepas de duas bactérias. Também planeja investir R$ 250 milhões nos próximos três anos em pesquisa, inovação, tecnologia, serviços e na própria equipe, segundo Tiago Gontijo, diretor executivo da empresa no Brasil.

» Alicerce. Novos produtos e investimen­tos devem sustentar as previsões da empresa de crescer entre 25% e 30% em receita neste ano e 20% ao ano pelos próximos três. “A adoção de produtos de performanc­e de plantas (como os produzidos pela Stoller) deve crescer 15% neste ano. Por muitos anos o interesse por esses insumos ficou restrito aos ‘early adopters’, produtores que gostam de experiment­ar tecnologia­s, mas agora mais gente percebe valor. A realidade atual é muito diferente da de dez anos atrás”, afirma Gontijo.

» Quem dá mais? O Grupo Superbid, de leilões online, observa maior interesse na negociação de máquinas agrícolas em 2020. Houve alta de 10% no volume ofertado, ante 2019, e de 30% na audiência em leilões. Marcelo Pinheiro, diretor técnico da Maisativo, empresa do grupo, explica que a expectativ­a de supersafra­s estimula a venda de usados em leilões. Vendedores usam o dinheiro na compra de bens novos, enquanto compradore­s conseguem adquirir produtos modernos a preços mais baixos. Cerca de 22% das máquinas ofertadas atualmente têm menos de cinco anos de uso – até 2017, a maioria tinha de 10 a 20 anos.

» Etanol e literatura. Parte da história da Atvos – segunda maior produtora de etanol do Brasil, que hoje é alvo de disputa judicial entre a Odebrecht e fundos norte-americanos – será contada no livro Luz, Câmera & Gestão, escrito pelo ex-vice presidente da companhia, Genésio Lemos Couto. O lançamento será nesta quarta-feira (2). Autor e convidados farão transmissã­o ao vivo no Youtube às 19 horas. Além de falar sobre o grupo sucroenerg­ético, o livro traz uma série de casos empresaria­is que se passaram no Brasil, no Equador e em Angola.

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SIMA Online. Sima oferece plataforma de monitorame­nto de lavouras

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