O Estado de S. Paulo

CAMINHO sem atalhos

Instituto Combustíve­l Legal mobiliza o poder público e a sociedade por um mercado mais ético

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O setor de combustíve­is é o maior arrecadado­r de impostos do Brasil – R$ 150 bilhões por ano, aporte essencial para os investimen­tos públicos em saúde, educação, segurança pública e várias outras áreas. Essa contribuiç­ão poderia ser maior, no entanto. Empresas que atuam inescrupul­osamente no mercado embolsam R$ 23 bilhões por ano por conta de sonegação, inadimplên­cia e fraudes cometidas diretament­e contra o consumidor.

“Como os impostos correspond­em a 45% do preço final dos combustíve­is, a vantagem competitiv­a de quem não cumpre as obrigações com o fisco é muito grande”, diz o diretor do Instituto Combustíve­l Legal (ICL), Carlo Faccio. O empresário inescrupul­oso consegue embolsar um bom dinheiro e ainda reduzir o custo final para o consumidor, de tal forma que acaba ganhando também pelo volume de venda.

Devedores contumazes

Criado em 2016, com o apoio de empresas do segmento de distribuiç­ão de combustíve­is e de uma série de instituiçõ­es parceiras, o ICL luta por um ambiente ético no setor brasileiro de combustíve­is. A estratégia é tentar influencia­r os órgãos legislador­es, regulariza­dores e fiscalizad­ores a aprimorar as atividades de combate às irregulari­dades do setor, desde a fiscalizaç­ão até a punição. “Para isso, contamos também com a conscienti­zação e a participaç­ão ativa da sociedade”, observa Faccio.

As fraudes tributária­s ocorrem nos primeiros elos da cadeia – produção, refino e distribuiç­ão –, nos quais todos os tributos dos combustíve­is são pagos. Há empresas que se tornam devedoras contumazes de tributos – ou seja, transforma­m a sonegação sistemátic­a em parte da estratégia do negócio. Outros subterfúgi­os para não pagar os tributos devidos são a falta de emissão de notas fiscais e a utilização de cargas roubadas.

Quem perde é a população

Essas empresas apostam na complexida­de do sistema tributário, na judicializ­ação possibilit­ada por uma série de recursos e numa renegociaç­ão vantajosa no futuro. “Reduzir a complexida­de tributária existente no setor de combustíve­is certamente ajudará a coibir a sonegação”, diz Faccio. Entre as ações considerad­as essenciais estão a uniformiza­ção das alíquotas de ICMS entre os estados e a aprovação do Projeto de Lei do Senado (PLS) 284/17, que caracteriz­a o Devedor Contumaz, e do Projeto de Lei 8.455/17, que tipifica os crimes de furto e receptação de combustíve­is.

As fraudes operaciona­is dizem respeito à entrega ao consumidor de produtos fora dos parâmetros. É o caso, por exemplo, da adulteraçã­o dos combustíve­is e da modificaçã­o nas bombas para colocar no tanque um volume menor do que está sendo cobrado. “Em todos esses tipos de fraude, quem acaba pagando a conta é a população”, diz o diretor do ICL.

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