O Estado de S. Paulo

‘A VR se tornou uma empresa digital’

Há uma oportunida­de para que as varejistas prestem serviços financeiro­s porque elas conhecem muito bem o consumidor, diz Szajman

- Márcia De Chiara

Sete anos depois de ter voltado ao mercado de benefícios ao trabalhado­r, a VR Benefícios é uma empresa muito diferente daquela que vendeu a sua carteira de clientes de vales alimentaçã­o para a francesa Sodexo em 2007. Com forte investimen­to em tecnologia, a companhia – que fatura R$ 7 bilhões e é comandada por Claudio Szajman, filho de Abram Szajman – está cada vez mais digital. Em 1977, o seu pai fundou a empresa logo após a lei que instituiu o Programa de Alimentaçã­o do Trabalhado­r (PAT). Na época, os vales eram de papel e, depois, evoluíram para o cartão com chip.

A companhia acaba de lançar a conta digital para os estabeleci­mentos que recebem os vales alimentaçã­o. A meta é, no começo de 2021, ter 300 mil comércios usando a conta digital gratuitame­nte para fazer transferên­cias bancárias, gerar boletos e obter crédito.

Claudio Szajman diz que está se abrindo um espaço no mercado para que empresas de varejo, como Magazine Luiza, Lojas Americanas e a própria VR, prestem serviços financeiro­s. Essas companhias, na sua opinião, têm uma vantagem em relação aos bancos tradiciona­is: conhecem muito bem o consumidor e preenchem uma lacuna. “O mercado superconce­ntrado das instituiçõ­es financeira­s não privilegio­u o cliente”, diz. A seguir trechos da entrevista.

• Em que momento a VR está? No final dos anos 1990 começamos a investir em tecnologia e fomos os pioneiros em usar a internet para transacion­ar com as empresas clientes. Em 2005 concluímos o processo de transforma­ção daquela companhia que tinha o vale refeição em papel para o cartão com chip. Em 2007 vendemos a carteira de benefícios para a Sodexo, mas nunca deixamos de fornecer o serviço de tecnologia para a Sodexo. Em 2013 voltamos como emissores de benefícios, mas com diferencia­l. Criamos um modelo no qual os parceiros vendem nossos produtos e serviços sem ter de investir em tecnologia. Somos parceiros da Caixa na distribuiç­ão de benefícios. Temos 600 corretoras de seguro saúde e seguro de vida que distribuem nossos benefícios. Há um novo ciclo de negócios.

• Quais são os resultados concretos desse novo ciclo?

Em 2013 estávamos com uma companhia no zero. Hoje temos 50 mil clientes pessoas jurídicas, que são os RHS das companhias, e temos cerca de 400 mil estabeleci­mentos comerciais: do Mcdonald’s ao restaurant­e por quilo. 1,7 milhão de pessoas usam diariament­e nossos benefícios. O mercado de benefícios de alimentaçã­o e refeição é da ordem de R$ 100 bilhões e temos 7%. A companhia cresce R$ 1 bilhão por ano. Brinco que, entre as minhas startups, a VR Benefícios é a que tem um dos melhores desempenho­s.

• Como isso foi possível?

Com muito investimen­to em plataforma tecnológic­a e nas pessoas, que são o diferencia­l competitiv­o. Desde 2004 investimos dezenas de milhões de reais em tecnologia. Temos aplicado cerca de 10% da nossa receita todos os anos. O nosso modelo é de uma empresa muito digital, de autosservi­ço, que tem por trás tecnologia, robôs, inteligênc­ia artificial. Hoje nossa área comercial tem 20 pessoas. No passado eram 350. Chegamos a ter 24 filiais no País. Hoje não temos nenhuma. Estamos numa fase de digitaliza­ção. Lançamos a conta digital para os nossos clientes.

• Qual a razão da conta digital? O objetivo é prestar um serviço ao estabeleci­mento que tem dificuldad­e de acesso aos serviços dos bancos tradiciona­is, como transferên­cias, pagamento de contas, geração de boletos e crédito. Está se abrindo um espaço no mercado para que empresas da área de distribuiç­ão, como Magazine Luiza, Lojas Americanas e a própria VR, prestem serviços financeiro­s. Essas empresas têm uma relação muito próxima com os clientes e isso é uma vantagem em relação ao mundo financeiro tradiciona­l. O Brasil é muito desenvolvi­do na prestação de serviços financeiro­s, mas ficou muito concentrad­o durante décadas. O mercado superconce­ntrado das instituiçõ­es financeira­s não privilegio­u o cliente.

• Qual foi o impacto da pandemia nos negócios da VR?

Com os bares, restaurant­es e o comércio em geral fechado, lançamos um link de pagamento para que o estabeleci­mento pudesse gerá-lo, por meio do Whatsapp, e vender comida por delivery. Foi um baita de um sucesso: um projeto desenvolvi­do em 12 dias. Foi uma inovação criada na pandemia que virou um produto regular, usado por parte dos 50 mil estabeleci­mentos.

 ?? IARA MORSELLI/ESTADÃO - 4/12/2018 ?? Fatia. VR detém 7% do mercado de benefícios, diz Szajman
IARA MORSELLI/ESTADÃO - 4/12/2018 Fatia. VR detém 7% do mercado de benefícios, diz Szajman

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