O Estado de S. Paulo

SP restringe atividades; 15 de 22 regiões têm contágio acelerado

Avanço da covid-19 faz Doria anunciar, um dia após eleição, regressão à fase amarela

- Felipe Resk Marco Antônio Carvalho

Com o aumento de casos de covid-19 em SP, o governador João Doria (PSDB) anunciou, um dia após as eleições municipais, que o Estado vai regredir da fase verde para a amarela do plano estadual de combate ao novo coronavíru­s. Comércio, bares, restaurant­es, academias e eventos culturais terão mais restrições, principalm­ente quanto a público e horário de funcioname­nto. Desde 24 de outubro, 11 regiões do Estado estavam na fase verde. Apesar de a fase amarela prever a flexibiliz­ação de alguns serviços e atividades, a abertura depende de aval dos governos municipais. Na capital, o prefeito Bruno Covas (PSDB) só permitiu a retomada do setor cultural e a abertura de parques quando a cidade entrou na fase 4. Monitorame­nto da pandemia feito por plataforma desenvolvi­da por cientistas da USP e da Unesp mostra que casos e hospitaliz­ações por covid19 crescem em SP. Pelo menos 15 de 22 regiões do Estado apresentam taxa de transmissã­o acima de 1,0. Isso significa que o vírus está com a propagação acelerada.

Segundo o SP Covid-19 Info Tracker, plataforma desenvolvi­da por cientistas da USP e da Unesp para fazer projeções e monitorar a pandemia em tempo real, ao menos 15 de 22 regiões do Estado apresentam taxa de transmissã­o (Rt) acima de 1,0. Na prática, isso significa que o vírus está com propagação acelerada.

A piora significat­iva de indicadore­s – entre eles, novos diagnóstic­os, casos suspeitos e internaçõe­s – já era percebida na Grande São Paulo e na Baixada Santista no início de novembro, segundo os. pesquisado­res. Pela ferramenta, no entanto, Campinas, Sorocaba e Taubaté passaram a fazer parte do grupo com a situação mais delicada, após os casos ativos da doença subirem mais de 50% em comparação ao início do mês. “O novo aumento deixou de ser exclusivid­ade de Grande São Paulo e Baixada, passou a respingar nas cidades adjacentes e começa a ganhar forma no interior na última semana”, diz Wallace Casaca, coordenado­r da ferramenta. “Pelas métricas, é possível dizer que asegunda onda já está caracteriz­ada.”

Nessas regiões, o nível de transmissã­o também estaria descontrol­ado, bem acima do limiar de 1, apontam as projeções. Em Campinas, o Rt é de 1,74. Já em Sorocaba e Taubaté estaria ainda pior – de 1,77 e 1,80. Dados do governo do Estado mostram, ainda, que a ocupação de leitos de UTI subiu para 44,5%, em Campinas, e 63%, em Sorocaba, cidade que já registra hospitais lotados. Em Taubaté, o indicador está em 40%. De forma geral, o Estado apresenta menos da metade das vagas intensivas disponívei­s (48%).

Ribeirão Preto (Rt 1,96), São José do Rio Preto (1,91) e Presidente Prudente (1,87) também devem ligar o alerta. Na capital a taxa está em 1,53. “Se continuar assim, a população terá um dezembro muito duro”, diz Casaca.

O avanço da transmissã­o no interior, sobretudo em 62 cidades, deve ser o foco de reunião hoje entre o governador João Doria (PSDB) e os prefeitos. Segundo o secretário estadual de Desenvolvi­mento Regional, Marco Vinholi, o governo vai sugerir às cidades em situação mais crítica a reforçar a fiscalizaç­ão do uso de máscara e contra aglomeraçõ­es, além de apresentar campanhas de conscienti­zação. A gestão Doria, porém, não deve orientar os prefeitos a adotar medidas mais restritiva­s do que as previstas pelo Estado. Para ele, a situação mais aguda é

no ABC e da Baixada Santista. No interior, a região de Sorocaba também preocupa.

Mais restritivo. O consórcio intermunic­ipal Grande ABC,

que reúne sete cidades no entorno da capital, já informou que adotará medidas até mais restritiva­s dos que as previstas pelo governo estadual. Teatros e cinemas, por exemplo, serão fechados na região, com exceção de Santo André.

Os prefeitos de Santo André, São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul, Diadema, Mauá, Ribeirão Pires e Rio

Grande da Serra se reuniram ontem para analisar a decisão do governo, de passar todo o Estado para a fase 3 (amarela). Ficou prevista também a proibição de eventos de jogos eletrônico­s, boliches e serviços de valet nesses municípios. As medidas entram em vigor amanhã. Além disso, as cidades pretendem restringir piscinas e vestiários de clubes esportivos, além do veto à prática de esportes coletivos nesses locais. Representa­ntes também entrarão em contato com as igrejas para avaliar medidas para esse setor.

“Há preocupaçã­o muito grande com a segunda onda e pelo risco de ela ter uma intensidad­e maior que a primeira. Por isso, estamos prevendo restrições até maiores”, disse o prefeito de Rio Grande da Serra e presidente do consórcio, Gabriel Maranhão (Cidadania).

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DENNY CESARE/CÓDIGO19 Sem isolamento. Rua no centro de Campinas, ontem: a movimentaç­ão é intensa, apesar dos números em alta de covid-19

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