SP restringe atividades; 15 de 22 regiões têm contágio acelerado
Avanço da covid-19 faz Doria anunciar, um dia após eleição, regressão à fase amarela
Com o aumento de casos de covid-19 em SP, o governador João Doria (PSDB) anunciou, um dia após as eleições municipais, que o Estado vai regredir da fase verde para a amarela do plano estadual de combate ao novo coronavírus. Comércio, bares, restaurantes, academias e eventos culturais terão mais restrições, principalmente quanto a público e horário de funcionamento. Desde 24 de outubro, 11 regiões do Estado estavam na fase verde. Apesar de a fase amarela prever a flexibilização de alguns serviços e atividades, a abertura depende de aval dos governos municipais. Na capital, o prefeito Bruno Covas (PSDB) só permitiu a retomada do setor cultural e a abertura de parques quando a cidade entrou na fase 4. Monitoramento da pandemia feito por plataforma desenvolvida por cientistas da USP e da Unesp mostra que casos e hospitalizações por covid19 crescem em SP. Pelo menos 15 de 22 regiões do Estado apresentam taxa de transmissão acima de 1,0. Isso significa que o vírus está com a propagação acelerada.
Segundo o SP Covid-19 Info Tracker, plataforma desenvolvida por cientistas da USP e da Unesp para fazer projeções e monitorar a pandemia em tempo real, ao menos 15 de 22 regiões do Estado apresentam taxa de transmissão (Rt) acima de 1,0. Na prática, isso significa que o vírus está com propagação acelerada.
A piora significativa de indicadores – entre eles, novos diagnósticos, casos suspeitos e internações – já era percebida na Grande São Paulo e na Baixada Santista no início de novembro, segundo os. pesquisadores. Pela ferramenta, no entanto, Campinas, Sorocaba e Taubaté passaram a fazer parte do grupo com a situação mais delicada, após os casos ativos da doença subirem mais de 50% em comparação ao início do mês. “O novo aumento deixou de ser exclusividade de Grande São Paulo e Baixada, passou a respingar nas cidades adjacentes e começa a ganhar forma no interior na última semana”, diz Wallace Casaca, coordenador da ferramenta. “Pelas métricas, é possível dizer que asegunda onda já está caracterizada.”
Nessas regiões, o nível de transmissão também estaria descontrolado, bem acima do limiar de 1, apontam as projeções. Em Campinas, o Rt é de 1,74. Já em Sorocaba e Taubaté estaria ainda pior – de 1,77 e 1,80. Dados do governo do Estado mostram, ainda, que a ocupação de leitos de UTI subiu para 44,5%, em Campinas, e 63%, em Sorocaba, cidade que já registra hospitais lotados. Em Taubaté, o indicador está em 40%. De forma geral, o Estado apresenta menos da metade das vagas intensivas disponíveis (48%).
Ribeirão Preto (Rt 1,96), São José do Rio Preto (1,91) e Presidente Prudente (1,87) também devem ligar o alerta. Na capital a taxa está em 1,53. “Se continuar assim, a população terá um dezembro muito duro”, diz Casaca.
O avanço da transmissão no interior, sobretudo em 62 cidades, deve ser o foco de reunião hoje entre o governador João Doria (PSDB) e os prefeitos. Segundo o secretário estadual de Desenvolvimento Regional, Marco Vinholi, o governo vai sugerir às cidades em situação mais crítica a reforçar a fiscalização do uso de máscara e contra aglomerações, além de apresentar campanhas de conscientização. A gestão Doria, porém, não deve orientar os prefeitos a adotar medidas mais restritivas do que as previstas pelo Estado. Para ele, a situação mais aguda é
no ABC e da Baixada Santista. No interior, a região de Sorocaba também preocupa.
Mais restritivo. O consórcio intermunicipal Grande ABC,
que reúne sete cidades no entorno da capital, já informou que adotará medidas até mais restritivas dos que as previstas pelo governo estadual. Teatros e cinemas, por exemplo, serão fechados na região, com exceção de Santo André.
Os prefeitos de Santo André, São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul, Diadema, Mauá, Ribeirão Pires e Rio
Grande da Serra se reuniram ontem para analisar a decisão do governo, de passar todo o Estado para a fase 3 (amarela). Ficou prevista também a proibição de eventos de jogos eletrônicos, boliches e serviços de valet nesses municípios. As medidas entram em vigor amanhã. Além disso, as cidades pretendem restringir piscinas e vestiários de clubes esportivos, além do veto à prática de esportes coletivos nesses locais. Representantes também entrarão em contato com as igrejas para avaliar medidas para esse setor.
“Há preocupação muito grande com a segunda onda e pelo risco de ela ter uma intensidade maior que a primeira. Por isso, estamos prevendo restrições até maiores”, disse o prefeito de Rio Grande da Serra e presidente do consórcio, Gabriel Maranhão (Cidadania).