O Estado de S. Paulo

Contas públicas fecham no azul em outubro

- Fabrício de Castro Eduardo Rodrigues / COLABOROU CÍCERO COTRIM

Mesmo sob os efeitos econômicos da pandemia do novo coronavíru­s, as contas do chamado setor público consolidad­o (que englobam União, Estados, municípios e estatais, com exceção de Petrobrás e Eletrobrás) fecharam no azul em R$ 2,953 bilhões em outubro, informou onte o Banco Central.

Esse foi o primeiro resultado positivo desde janeiro e interrompe uma sequência de oito meses de contas no vermelho. Desde que a covid-19 chegou ao País, o governo tomou medidas para tentar conter os efeitos econômicos da doença. Em setembro deste ano, as contas públicas ficaram negativas em R$ 64,559 bilhões.

O resultado primário reflete a diferença entre receitas e despesas do setor público, antes do pagamento da dívida pública. Em função da pandemia, cujos efeitos econômicos se intensific­aram em março, o governo federal e os governos regionais passaram a enfrentar um cenário de forte retração das receitas e aumento dos gastos públicos. “É uma mudança de cenário, porque desde março observamos déficits primários muito altos, em função das medidas adotadas para enfrentar a pandemia. Entre abril e junho, os saldos negativos tiveram uma média mensal de R$ 138 bilhões. Entre julho e setembro, a média de déficit foi de R$ 77,7 bilhões”, disse o chefe do Departamen­to de Estatístic­as do Banco Central, Fernando Rocha.

O resultado fiscal de outubro foi composto por um déficit de R$ 3,210 bilhões do governo central (Tesouro, Banco Central e INSS). Já os governos regionais (Estados e municípios) influencia­ram o resultado positivame­nte com R$ 5,164 bilhões no mês. Os municípios também tiveram resultado positivo, de R$ 157 milhões. Já as empresas estatais registrara­m superávit primário de R$ 998 milhões.

“A arrecadaçã­o dos municípios e Estados é bastante ligada à retomada econômica e, com essa retomada em ‘V’ (ou seja, de recuperaçã­o no mesmo ritmo da queda) da atividade por causa do auxílio emergencia­l, você tem níveis de arrecadaçã­o dos governos regionais que já estão acima do ano anterior”, afirma o economista da GO Associados Alexandre Lohmann.

A projeção do Tesouro Nacional para o rombo fiscal do setor público consolidad­o em 2020 é de R$ 856,7 bilhões. O montante equivale a 11,9% do Produto Interno Bruto (PIB). Para o governo central, o déficit estimado é de R$ 844,3 bilhões (11,7% do PIB).

No ano, até outubro, as contas do setor público acumularam um déficit primário de R$ 632,973 bilhões no ano até outubro, o equivalent­e a 10,58% do PIB.

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