O Estado de S. Paulo

Maia diz que tributária já tem votos para passar na Câmara

Nas contas do presidente da Casa, texto enviado pelo governo tem o apoio de 320 deputados, 12 a mais do que o necessário

- Camila Turtelli

O presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), acredita ter apoio suficiente para aprovar o projeto de reforma tributária na Casa. Segundo ele, já existem pelo menos 320 votos favoráveis à Proposta de Emenda à Constituiç­ão (PEC) 45, mesmo sem contar com a ajuda dos partidos da base do governo. Maia tem defendido o texto como prioridade na pauta de recuperaçã­o econômica do País, depois de passados os efeitos da pandemia do novo coronavíru­s.

“Não vamos resolver o problema do Brasil apenas cortando despesas”, disse Maia em entrevista ao portal Uol. “Precisamos

de uma macro reforma que é a tributária”, afirmou.

Para aprovar uma proposta de emenda à Constituiç­ão na Câmara são necessário­s, pelo menos, 308 votos, o que correspond­e a três quintos dos deputados, em dois turnos

Consideran­do o texto enviado pela equipe econômica (que decidiu fatiar a reforma tributária), a PEC 45 propõe a substituiç­ão de cinco tributos (IPI, PIS, Cofins, ICMS e ISS) pelo novo IBS (Imposto sobre Bens e Serviços). A alíquota estimada para não alterar a arrecadaçã­o ficaria entre 20% e 25%. A receita é compartilh­ada entre União, Estados e municípios.

A proposta prevê cobrança não cumulativa (quem está no meio da cadeia recebe como crédito o que foi pago pelo fornecedor) e com desoneraçã­o de investimen­tos e exportaçõe­s. Haveria ainda um tributo federal seletivo sobre cigarros e bebidas.

Segundo Maia, o relator da proposta, o deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), deve apresentar seu parecer para aos representa­ntes dos partidos e do governo nesta semana e, se houver consenso, o texto vai à votação. “Se não tiver , ficará para o próximo presidente da Câmara pautar, ela estará pronta para votação”, disse.

Pauta prioritári­a. Maia cobrou do governo uma pauta com os projetos econômicos prioritári­os para o Executivo para as próximas semanas. “O governo deveria ter começado o dia hoje (ontem) cedo com uma coletiva para falar qual é a pauta de seu interesse para os próximos dois meses”.

Para ele, o governo não quis enfrentar desgastes com eventuais aliados durante a disputa pelas eleições municipais e deveria, findo o segundo turno, tratar de projetos como a PEC Emergencia­l, que prevê medidas de contenção de gastos, principalm­ente com servidores. “Senti falta na manhã de hoje de uma posição mais clara e de urgência, nesse momento, em relação às pautas que tratam das despesas públicas”, disse o deputado. “Teremos aí dois, três meses que vão definir o futuro do País e da eleição de 2022”, acrescento­u.

Maia afirmou que o governo não deveria deixar suas ações para os últimos dias do ano e ressaltou, mais uma vez, que não haverá prorrogaçã­o do estado de calamidade e nem do chamado “orçamento de guerra” – mecanismos que permitiram ampliar os gastos neste ano por causa do combate à covid-19, sem que o governo descumpris­se as regras fiscais.

“Não vamos resolver o problema do Brasil apenas cortando despesas.” Rodrigo Maia

DEPUTADO FEDERAL (DEM-RJ) E

PRESIDENTE DA CÂMARA

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GOVERNO SP Pendência. Maia cobrou do governo definição de assuntos que precisam ser votados já

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